Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
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temos ainda as políticas de
descentralização industrialdesucessivos
governosestaduais,que tentamdiminuir
os problemas da concentração urbana
(moradia, transportes,poluiçãoeoutros)
incentivandoa implantaçãodas fábricas
no interior; bem como, conforme vere-
mos, a adoção progressiva do modelo
de acumulação flexível, que provoca
deslocamentos de empregos da indús-
triapara“serviçosprestadosà indústria”.
Dentrodomunicípio, apresença in-
dustrial é ainda menor, fruto da
descentralização da indústria em dire-
çãoàáreametropolitana.E, daáreame-
tropolitana, as fábricas caminham pau-
latinamente para o interior.
Os serviços acima indicados (Figu-
ras 3 e 4) incluem o setor público. Se
discriminado,veremosqueessesetor re-
presenta cerca de um emprego a cada
quatro noMunicípio, conformemostra
a Figura 5, adiante.
Tambémagrandepresençadasocu-
paçõesno terrenopúblicopermite inter-
pretaçõesdiversas.Mesmo
presença do Estado como empregador,
e é lícito supor aqui também uma pro-
dutividademaior nos serviços privados
do que nos doEstado.
Devemos, outrossim, levar em con-
sideraçãoacomplexidade inerenteàad-
ministração de uma megalópole como
São Paulo. Esta complexidade, junta-
mente com o fator produtividade, e a
cultura brasileira da presença do Esta-
do na geração de empregos, devem ex-
plicar o volume de colocações na área
pública.
Dequalquermaneira, asposiçõespú-
blicasnãosãoas responsáveispelocres-
iniciativas de melhoria de qualidade e
produtividade que também aparecem
junto ao setor público, e à tendência de
privatizações, que tambémdeveatingir
omunicípio.
Que tipos específicos de serviços
compõem as figuras de colocações?A
resposta a essa pergunta pode ajudar- a
visualizaro tipodequalificaçãodemão-
de-obraqueestásendodemandado.Ve-
jamos então o que ocorre com os tipos
de serviços, detalhados naTabela 1:
As categorias, embora homogêneas
dopontodevistaprofissional, sãohete-
rogêneas em termos de qualificação
emeconomiasbastanteavançadascomo
a dos EUA, o governo já empregamais
do que a indústria, em função das dife-
renças de produtividade (BELLUZZO,
1995); no Brasil, temos a tradição da
cimento da atividade do setor terciário;
pelo contrário, podemos supor uma di-
minuição de sua posição, tanto relativa
quantoabsoluta, no futuro, devidoà ten-
dência de enxugamento do Estado, às
TIPODESERVIÇO
Serv. de administração técnica e profissional
Serv. de alojamento, alim., rep., manutenção
Serv. de transportes e comunicações
Instituições financeiras
Serv. médico, odontológico e veterinário
Ensino
TOTAL
EMPREGOS
373.641
271.054
202.197
142.392
114.174
101.851
1.205.309
%
31,0%
22,5%
16,8%
11,8%
9,5%
8,5%
100,0%
Tabela 1 – Tipos de serviços noMunicípio de São Paulo
exigida: aadministração“técnicae
profissional”,bemcomoas institui-
ções financeiras, dividem seus em-
pregosentre funcionáriosdesegun-
do grau incompleto e funcionários
de nível superior.Omesmoocorre
em transporte e no ensino.
Aprivatizaçãode setores como
telecomunicações (e transporte no
âmbito estadual), por outro lado,
abreuma imensa avenida a ser per-
corridapelamão-de-obraqualifica-
da, em particular de nível superior.
Trataremosdasperspectivasfuturas
mais à frente.
Analogamente, na indústria, o
grau de desenvolvimento
tecnológico interfere no tipo de
qualificaçãoprofissional queo setor de-
manda.ATabela 2, a seguir, discrimina
os tipos de indústria de transformação.
Nota-se que, além da industria quí-
mica, de tecnologia bastante específica,
apenas 6,2%do total de empregos, refe-
rentes a “material elétrico, eletrônico e
24%
0%
17%
1%
6%
38%
14%
Agricultura e extração
deminerais
Indústriade transformação
Serviços industriaisde
utilidadepública
Indústriadaconstruçãocivil
Comércio
Serviços
Administraçãopública
Outros
Figura5–Empregospor setor deatividadeeconômica–MunicípiodeSãoPaulo, 1997.
Fonte: Elaboradaapartir dedadosdoMinistériodoTrabalho, RAIS1997 (apudPRODAM, 1997a).
Fonte: Elaborado a partir de dados doMinistério do Trabalho, RAIS 1997 (apud PRODAM, 1997b).