Maio_2005 - page 110

Pontode
Vista
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R E V I S T A D A E S PM–
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grandevantagemda senectude sobre
a juventude éque ela é as duas, por-
que já foi e passou pela outra. A
juventudepoderá viraser,masainda
não é. Talvez, será.
Nestemundomodernodo trabalhoé
gritante, particularmente no Brasil,
opreconceitoà idadeavançada,com
a maioria das empresas adotando
comportamentos discricionários,
oferecendo sérias resistências à sua
admissão ou permanência nas suas
organizações. Apreferência énitida-
mente pelos jovens. É a vitória da
esperança sobre a experiência. Eu
mesmo, hoje sexagenário, quase se-
tuagenário, sempre dei preferência
aos jovensnasempresasdomeuGru-
po. Mas, sempre coloquei, nas che-
fias, os mais experientes a quem a
escola da vida dura e do apren-
dizado prático confere qualidades
que autorizam sábias tomadas de
decisões.Sempreentendiqueosmais
velhos dispõem da prudência obtida
pelomelhorusodascoisaseum juízo
mais agudo, competente e eficaz.
Evitam correr riscos. E é aí quemora
operigo,porqueaonãocorrerem ris-
cos – que é próprio da ousadia e da
agressividade dos jovens – trilham
caminhos seguros, mais próprios da
mesmice rotineiraqueda incansável
busca do novo, inusitado.
É umparadoxo,mas, nesta vidamo-
derna, nossos jovens executivos e
suas empresas buscam, ousada e
agressivamente, o novo, o original,
o inusitado, o exclusivo, o diferente,
o inédito mas... que já tenha sido
provado antes. O corolário desse
pensamentoéque, talvez, derivedaí
a razão pela qual todos preferem
aderir ao velho, já tentado, contra o
novoeaindanão tentado.Resultado:
na maioria dos casos as ações são
meras repetições do já feito ante-
riormente,oquenãorequernemcria-
tividade nem bom cérebro. Basta
aceitar,adaptarerepetiroque jáexis-
te, trilhando omesmo caminho que
osoutros já trilharam, oque somente
vai nos levar aonde os outros já
chegaram.
Entendo que os velhos não devem
perder acoragemdeassumir ecorrer
riscos. Assim, ficam jovens para
sempre. E se rejuvenescem infundin-
do inspiração, entusiasmo emotiva-
ção nos jovens, potencializando-os,
e correndo, com eles, os riscos da
renovação.
Nada grandioso se faz sem riscos.
Foi assim que os grandes executivos
foram alçados às maiores posições,
não levando para a sua velhice os
seus erros e falhas juvenis. Em con-
traposição, muitas empresas adotam
a filosofiada“juniorização”, concen-
trando o poder nas mãos de profis-
sionais ainda nãomuito experientes,
mas considerados exponenciais e
verdadeiras esperanças de poderem
bem conduzir as empresas a preços
menores. Num país em que as em-
presas estão mais preocupadas com
o fim-do-mês do que com o fim-do-
mundo é natural que os esforços,
igualmente, se concentrem em tudo
quepode reduzir custos, eos jovens,
potencialmente capazes, sucedem
hoje, mais rapidamente que ontem,
as funções dos velhos dirigentes.
Estão ocorrendo mudanças no afas-
tamento destes. Raramente se apo-
sentam antes dos 60 anos. Dados de
pesquisas globais indicam que, 50%
dos pesquisados têm planos para
trabalharalémde64anos.15%além
dos 70. Aumentaapermanênciados
mais velhos no trabalho, com a
senectude reaproximando-se da ju-
ventude, da adolescência e da idade
madura, para manter-se atuante.
Parece que todo velho passou a
considerar velhos somente aqueles
que têm, pelomenos, 10ou20anos
a mais que ele (sic).
Há ummomento, em todos os seres
humanos, que as portas do seu pas-
sado se fecham e, se eles não se
reciclam e se renovam, não só não
abrem como não deixam entrar as
do futuro.O corpopode envelhecer.
O espírito não. Jamais.
Hoje, aos 68 anos percebo que
minha melhor idade não está atrás
demim, nasmuitas coisas que já fiz,
mas à minha frente, nas muitas que
ainda farei.
É para lá que eu vou. E você?
João De Simoni Soderini Ferracciù
Presidente do Grupo De Simoni Associados
SENECTUDE
JOÃODESIMONISODERINIFERRACCIÙ
JUVENTUDE
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