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R E V I S T A D A E S PM–
M A R Ç O
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A B R I L
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vieramaquiecompraramoquequi-
seram. LevaramoPau-Brasil,depois
o algodão, cacau, café, minério de
ferro, couro, açúcar, pagando o
preçoquebementendiam.A indús-
triadoBrasilnãosedesenvolveu.Até
1808–quandoomundo ingressava
no setor industrial –, aqui, a única
indústria que existia era a de fabri-
caçãode tecidos para roupas dees-
cravos.Tudo eraproibido, inclusive
gráficas. Os primeiros exemplares
doCorreioBrasilienseerameditados
em Londres e vinham de navio,
porqueeraproibido ter gráficaaqui
– os portugueses não permitiam.
Entramos com atraso na Revolução
Industrial –que só se iniciounoBra-
sil, de formamodesta, com a vinda
dosprimeiros imigrantessuíçospara
Friburgo no RJ, os alemães que
vieram para Petrópolis por volta de
1840 e, depois, para o RioGrande
do Sul. E os italianos, em 1875.
GRACIOSO
–A grande imigração
européia–e italianaemparticular –
foi em 1890.
PRATINI
–OBrasil industrial éum
país bem novo, com uma história
recente. Não desenvolvemos, no
Brasil, alguns dos princípios e
culturas que são fundamentais para
desenvolver a indústria. A primeira
delaséapropriedade industrial.Até
recentemente, o Brasil achava que
nãopoderiadarpatentesporqueera
um privilégio, quando – nomundo
inteiro–aspatentes sãoconcedidas
a quem desenvolve inovações im-
portantes, que geram renda e
emprego.NoBrasil,patenteeraalgo
sinistro.TambémoBrasil sempre te-
ve, naáreadeexportação, umcerto
preconceito: nunca gostou de
exportar. A cultura do Brasil era a
de restringir exportações e fazer
substituição de importações. Até o
final da década de 70, ainda tínha-
mos um governo que insistia na
substituiçãode importação. Issonos
atrasoumuito.Outro fator deatraso
foi a questão cambial. As regras de
câmbio do Brasil são tão antigas e
ineficazes, que qualquermovimen-
tação favorável damoedabrasileira
– e da conjunturamonetária – pro-
voca a valorização do real, o que
destrói as exportações – aconteceu
recentemente.