Setembro_2009 - page 84

Mesa-
redonda
R e v i s t a d a E S P M –
setembro
/
outubro
de
2009
84
¸
}
Hojeéconsideradoum site
destino, nãoémaisuma loja só.
~
Fábia
–Há dois anos não. Hou-
ve um escândalo nos Estados
Unidos porque descobriu-se
que algumas empresas estavam
contratando blogueiros para
que escrevessem a favor de suas
marcas.
Waengertner
– Formadores
de opinião.
Fábia
– Mas isso foi percebido
como uma manipulação da opi-
nião pública – o que, de fato,
era. Hoje os sites e as marcas
continuam podendo contratar os
seus blogueiros porque, afinal de
contas, eles também têm o direi-
to de escrever a favor, desde que
sejam identificados. A legislação
foi aprovada recentemente nos
Estados Unidos.
JRWP
– E no Brasil?
Tripoli
–Ainda não existe.
Lobianco
– Recentemente
houve o caso do Twitter em que
uma agência contratou dois ou
três twitteiros para repetir o
slogan do produto dela, isso foi
descoberto pela rede e produziu
efeito contrário.
JRWP
– Creio que isso não chega
a ser um crime.
Lobianco
–Você estámanipu-
lando informação...
JRWP
– Se não existe uma norma
aceita, não há transgressão.
Tripoli
– Nós falamos com nos-
sos clientes, na agência, que há
de ter transparência. Já sugerimos
que transferissem verba de co-
municação e demarketing para o
produto porque constatamos que
os produtos tinham problemas,
a experiência dos consumidores
com o produto não era boa. Acho
que somos pagos para falar a
verdade ao cliente, para sermos
transparentes.
Gracioso
– Creio que estamos
tocando num dos pontos críticos
da internet, que é a credibilidade.
Outrodiavi umapesquisa feitano
Brasil, quemostraqueo internauta
brasileironãodámuito crédito ao
que vê na internet.
Fábia
– Outro dia estávamos no
IAB discutindo e um dos nossos
diretores perguntou “vocês já
viram alguma homepage de inter-
net ser notícia”? E acrescentou:
“uma capa de jornal ou de revista
continua tendomais peso, porque
temumprestígiohistórico”. Isso é
verdade. O prestígio de ummeio
tradicional ainda prevalece. Mas
os produtores de conteúdo online
têmumCódigode Ética, eháuma
preocupação...
JRWP
– Esse Código de Ética já
existe?
Fábia
– Existe. Alguns grupos de
mídia exercemum controle rígido
sobreos seus conteúdos; podemos
dizer que passam pelos mesmos
crivos editoriais que passam os
meios tradicionais.
JRWP
–Mas você está falandodos
veículos que estão presentes na
internet, achoqueoProf.Gracioso
se referiu ao e-commerce.
Fábia
–Masmesmoos blogueiros
– aqueles que já têm um volume
grande de tráfego ― aprenderam
que aquilo é uma via de mão
dupla. Um blogueiro, de grande
tráfego, hoje, não escreve qual-
quer coisa...
JRWP
– Isso é interessante porque
é um tipo de autorregulamentação.
Lobianco
– É uma mídia viva,
na verdade ela não tem somente
um lado.
JRWP
–O Brasil tem uma legisla-
ção de proteção ao consumidor
relativamente evoluída,mas notei
que não se tem acesso ao PRO-
CON pela internet. Tentei entrar
e apareceu um aviso dizendo
“este serviçonãoestádisponível”.
Afinal o consumidor já aderiu a
esse canal de comunicação e de
comércio, as empresas também –
mas, quando quer reclamar, clica
no “fale conosco” eninguémquer
falar com ele.
Lobianco
– Não precisa do
PROCON para reclamar.
JRWP
– Sim, mas a quem ele re-
clama?
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