Mercado global
Revista da ESPM
|maio/junhode 2013
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Umadasformasdesecombaterainflaçãoépelocontrole
dademanda, comaumentodos juros. Na “teoriado juro”, de
Irving Fischer, dizia ele que a melhor forma de se conter a
impaciência de gastar é gerar a oportunidade de investir.
Juros negativos gerama impaciência de consumo. Guardar
dinheiro que se nivela ou fica abaixo da inflação é amelhor
alavanca para o gasto. Embora a inflação de demanda seja
consequência,nãopoucasvezes,deummercadocomprador
maiorqueovendedor,dá-setambémquandoestãonivelados
os dois polos, mas a avalanche consumista está emalta.
A outra forma de combate à inflação é reduzir o custo
da máquina administrativa. Steven Benjamin Webb, no
livro
Hyperinflation and stabilization in Weimar Germany
(Oxford University Press, 1989), mostra que a pressão do
Estado como gerador da inflação é que levou, mais do que
os outros fatos, à hiperinflação alemã, estancada apenas
pelo plano de marco forte, em 15 de novembro de 1923.
No Brasil, nenhumdos dois instrumentos temsido uti-
lizado, na era Dilma. O relaxamento das contas públicas,
commaquiagem naquelas de 2012, para se ter a ilusão de
que se atingira a meta fiscal, e a discussão, para 2013, de
novas regras para flexibilizar o conjunto de metas que
foramobtidas nos governos anteriores são elementos que
sinalizamaomercadoquea inflaçãonãoestá sobcontrole
como apregoam os arautos do governo.
Acresce-se, na realidade brasileira, uma certa anti-
patia da presidente à palavra “lucro”, que a levou, nos
dois primeiros anos, a limitar a rentabilidade das em-
presas nas licitações federais, comdesistência dasmais
conceituadas em participar dos certames, e a simpatia
inequívoca aos governos do polo bolivariano, ao ponto
de suportar, estoicamente, todas as ofensas e injúrias
econômicas, sem reação.
Em vez de o Brasil negociar com as grandes potências,
no nível de potência que adquiriu, prefere continuar a
sofrer os agravos de seus parceiros, que são tanto mais
agressivos quanto mais passivas sentem as autoridades
brasileiras. É de lembrar que, enquanto todos os países
tentam, nos tratados bilaterais, implementar o comércio
exterior, oBrasil, pela autopuniçãoque se impôs aoaderir
ao Mercosul — de resto não respeitado por seus parceiros
—, firmou apenas três acordos insignificantes, estando a
perder, vergonhosamente, amaratonadacompetitividade
mundial, por escassezdevontadeecompetênciaeexcesso
de decisões equivocadas.
Nãosemrazão, osdoisprimeiros anosdogovernoDilma
se caracterizarampor umbaixíssimo PIBe por uma altíssi-
Os encargos trabalhistas cada
vezmais pesados impedemque
ganhemos poder de concorrência,
principalmente perante osBrics
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