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om as constantes e crescentes demandas
da sociedade e dos mercados, as empresas
precisam lidar com inúmeras e complexas
variáveis no dia a dia de seus negócios. As
recentespressõespormenoresimpactosaomeioambiente
passarama impornovosdesafiosaosgestores, quepodem
apenas responder pontualmenteou tentar rever seuspro-
cessos.Muitosestãorepensandosuasatividades, visando
não só a menores impactos, mas a melhores práticas,
novas tecnologias, ganhos econômicos e, consequente-
mente,mudanças significativas emmodelos denegócios
que vinhamsendo adotados há anos.
Algumas abordagensmostramqueesforços sãoneces-
sáriosparapromover a reduçãode consumodos recursos
naturais, omelhor aproveitamentodo que é produzido, a
diminuição da geração de poluição e a menor produção
de resíduos, como objetivode causar ummenor impacto
aomeio ambiente.
Estudos indicamnãohaverumalinhamentodepercep-
çãodosgestoresquantoàsregulamentaçõeslegaisambien-
taisqueporvezesrepresentamameaçasouoportunidades,
alémde resultadosdivergentes quantoa suas influências
àcontribuiçãodeevoluçãodos estágiosdegestão. NoBra-
sil, com a recente aprovação da Lei de Resíduos Sólidos,
em 2010, parece haver uma necessidade maior de o país
avançar rapidamente no tocante à gestão dos resíduos,
parapromoversoluçõesadequadasaocumprimentolegale
contribuirmaiscomasquestõesdodesenvolvimentosus-
tentável. Vale ressaltar que essa lei levou 20 anos para ser
aprovada e houve uma pressão para que ela fosse vetada.
Isso porque muitas empresas e entidades empresariais
viamna cadeia produtiva uma ameaça, como acréscimo
de custos que não seriamrepassados aos clientes.
Evolução histórica
ÀépocadaRevolução Industrial, as questões ambientais
eram pouco representativas tanto no tocante às esca-
las de produção reduzidas quanto por conta das baixas
concentrações populacionais. A poluição oriunda das
chaminés era tida como sinal de progresso. Como pas-
sar dos tempos, o agravamento da situação ambiental,
a crescente consciência social e as discussões globais a
partir da década de 1960 promoveram transformações
culturais e o surgimento de umnovo cenário, no qual a
proteção e a preservação do meio ambiente ganharam
destaque e forte importância no contexto socioeconô-
mico. Apoluição, fruto da produção industrial, passou a
ser vista como anomalia a ser combatida. Na Revolução
Industrial, a natureza emrelação ao sistema econômico
constituía-se como fonte de recursos aparentemente ili-
mitada e uma grande fossa de resíduos. Porém, com o
nível elevado da escala da economia, que se tornou glo-
bal, e a evidenciação dos limites da natureza — tanto do
ponto de vista da oferta de recursos como da recepção e
regeneração de resíduos —, foi mais que necessário revi-
sitar os conceitos e buscar novas premissas para ajustar
a economia com a ecologia.
O crescimento da economia e a constatação da diver-
sidade de impactos ambientais, tanto locais quanto glo-
bais, provocaramuma reflexão sobre as relações de troca
epassaramacontemplarosenfoquesambientaisnadinâ-
mica do sistema econômico.
A compatibilização da atividade industrial coma pre-
servação do meio ambiente passou a figurar nas pautas
da gestão dos negócios, sendo uma responsabilidade da
qual nenhuma empresa pode fugir. Se no passado essa
era mais uma questão de consciência dos empresários,
hoje a preservação ambiental passa a ser parte da estra-
tégia empresarial, já que as empresas agora respondem
perantea lei easociedadepelosdanosquevieremacausar
aomeioambiente. Ademais, ocontrole ambiental passou
a ser tambémuma questão econômica, pois aminimiza-
ção de rejeitos acaba trazendo para as empresas benefí-
cios econômicos, alémdamelhoriano riscode imageme
a diminuição dos potenciais passivos ambientais.
Háde sedestacar que, noentendimentocorrente, a ter-
minologia amplamente difundida até uma década atrás
esteve atrelada à palavra lixo. Recentemente, o uso do
termo resíduo passou a ser mais empregado. Existe uma
diferençasubstancial entreasduasaplicações. Lixosigni-
ficadescarteefetivo, tudoaquiloquenãoépassível de rea-
proveitamento. Já resíduo é passível de ser reaproveitado
e confere até um valor econômico, dada a possibilidade
de retorno aoprocessoprodutivo emforma de insumos.
Nós acostumamos aagir eagerirnossas atividadespor
meio de ummodelo linear e cartesiano, em que a lógica
março/abrilde2014|
RevistadaESPM
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