Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  131 / 184 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 131 / 184 Next Page
Page Background

março/abrilde2014|

RevistadaESPM

131

Alexandre –

Isso cria mais complexi-

dade para a operação logística?

Marcos –

Não, o consumidor é que

vai enxergar os vários canais de venda

como uma coisa só. Os atos de comprar

pela internet ou numa loja física vão

acabar convergindo. Vai chegar ummo-

mento em que você poderá, por meio

do seu smartphone, tomar decisões de

compra dentro da loja e encomendar a

entrega na sua casa. As experiências

vão ser convergentes.

Alexandre –

Pensei nisso quando soube

que a operação de e-commerce do Wal-

mart é independente. Se o caminho é

apagar as fronteiras entre o físico e o eletrô-

nico, qual é a lógica por trás dessa divisão?

Marcos –

Há um movimento de cres-

cimento do e-commerce que, neste

momento, nãopode semisturar comas

nossas prioridades para as lojas físicas.

É um momento único na história, de

crescimento e expansão, de ocupar

espaços e desbravar caminhos. Se

você coloca isso dentro de uma estru-

tura que tem hoje 500 lojas, envolvida

com um processo de integração e com

sua própria expansão, pode-se perder

velocidade. Temos de ser ágeis e, para

que haja essa agilidade na tomada de

decisões, temos um time trabalhando

de forma separada [no comércio eletrô-

nico]. Foi uma decisão global da com-

panhia. Não só noBrasil, mas emtodos

os países, o e-commerce atua de forma

independente. Só que a colaboração

existe. Tem alguém governando para

ver se o todo faz sentido, porque em al-

gummomento essa convergência virá.

Alexandre –

A ideia, então, é ter duas

operações (a física e a eletrônica) acele-

rando com independência, mas que vão

se encontrar lá na frente?

Marcos –

Exatamente. Já temos al-

gumas experiências em que o cliente

compra no site e retira na loja. Realiza-

mos alguns pilotos, porque isso é con-

veniente para muitos consumidores.

Por exemplo, se uma pessoa tem uma

loja no caminho do trabalho para casa

onde compra seus produtos perecíveis,

ela pode aproveitar para retirar um ele-

trodoméstico que comprou no site, se

o time do e-commerce enviá-lo para lá.

Em algummomento, vamos poder uti-

lizar o estoque da loja. Hoje, ainda não,

porque o suprimento do e-commerce

é bastante abrangente, enquanto a

loja tem um limite físico. Eu não tenho

dúvida de que essa convergência virá.

Alexandre –

O varejo como conhecemos

é uma criação dos anos 1960. Sam Wal-

ton é um protagonista importante dessa

história. Desde o fechamento da Sears, há

um questionamento importante: será que

o modelo tradicional de varejo ficou velho?

Gostariade conhecer avisãode vocês sobre

o que parecem ser sinais de esgotamento

dessemodelo tradicional. Sãomesmo?

Marcos –

É ummodelo em constante

transformação. Desde que foi criado,

nunca ficou estanque. Você tem lojas

grandes, de vizinhança, premium,

lojas

hard discount

, que são extrema-

mente austeras, comuma participação

enorme damarca própria.

Alexandre –

Daqui a dez anos os hiper-

mercados continuarão existindo?

Marcos –

Sim, o Brasil vive um fenô-

meno de interiorização. Tem cidades

crescendo dentro do país que não têm

hipermercados ou estão recebendo

essemodelode loja só agora.

Alexandre –

Mas esse novo consumidor

vai querer lojas físicas?

Marcos –

O futuro é a convergência.

Tem produtos que vou comprar da mi-

nha casa, pelo smartphone, enquanto

assisto TV e recebo estímulos. Agora,

tem outros que quero pegar na mão,

ver a qualidade. O hábito de compras

tem o elemento objetivo do consumo,

mas também tem o prazer de olhar os

produtos, entender a seleção, ver ten-

dências, conhecer marcas. Então, não

haverá uma ruptura, e sim uma mu-

dança, que, aos meus olhos, é a con-

vergência de plataformas e formatos.

Alexandre –

E qual será o papel da lo-

gística neste novo cenário do varejo?

Marcos –

Crucial. Que bom que a

tecnologia cresce num ritmo expo-

nencial. O bom da logística é que ela

vive de informação. E a disponibili-

dade da informação, assim como seu

tratamento, estão cada vez mais so-

fisticados. Vai chegar na ponta quem

conseguir acessar e tratar dados da

forma mais eficiente.

O futuro é a convergência. Temprodutos que

vou comprar daminha casa, pelo smartphone,

enquanto assisto TV e recebo estímulos. Agora,

temoutros que quero pegar namão, ver a qualidade