para avaliarmos o estágio em que nos encontramos.
Antes, épreciso lembrar quenãoédehojequea recicla-
gem de embalagem está presente na vida cotidiana dos
brasileiros. Desde os tempos doBrasil colonial, escravos
comseuscestosnacabeçapercorriamas ruasapregoando
seu característico “garrafeeeeeiro”. Ogarrafeiro comseu
pregão faz parte das nossas tradições, aparecendo no
cancioneiropopular, napoesia ena iconografiade época.
Quandomenino, no interior, eu emeus amigos coletá-
vamos garrafas, papel, papelão e outros materiais para
vender no “depósito de ferro velho”. Como dinheiro arre-
cadado com essa venda, comprávamos a bola e o jogo de
camisas donosso time.
Esses depósitos formamdesde o início do século uma
rede de sucateiros que se propõe a comprar o que as pes-
soas levarem até eles e o que os catadores por eles esti-
muladosouempregados recolheremnas ruas enas casas,
catandodeporta emporta, numademonstraçãode como
opovobrasileiroconsegue seorganizar demaneira infor-
mal para realizar as coisasmais surpreendentes.
Essa é uma característica cultural presente, por exem-
plo, na organização dos desfiles carnavalescos, onde
milhares de pessoas do povo, organizadas, fantasiadas
e ensaiadas, adentrama passarela comseus carros ale-
góricos na hora exata e realizam uma evolução crono-
metrada quase sempre bem-sucedida.
Damesmaforma,acoletaeareciclagemdeembalagens
em nosso país funcionam com a organização informal
de milhões de pessoas que se mobilizam por dinheiro,
necessidadeoupor idealismomilitanteparaencaminhar
embalagens para os centros recicladores, e os sucateiros
fazendo comque, apartir deles, elas cheguemàs fábricas
para serem reprocessadas.
Interesse econômico
É importante frisar que o grande promotor dessa ativi-
dade é a própria indústria de embalagem, que tem forte
interesse econômico na reciclagem e procura adquirir
tudo o que consegue encontrar, pois produzir a partir de
material reciclado é, namaioria das vezes, bemmelhor
emais lucrativo que produzir a partir damatéria-prima
virgem comprada dos fornecedores.
Podemos citar como exemplo desta situação a bem-
sucedida produção de latas de alumínio, na qual a eco-
nomia no custo de produção de uma tonelada cai quase
pelametade se for realizada utilizando as latinhas cole-
tadas pela reciclagem. Omesmo acontece com o papel
produzido com aparas e material recolhido do lixo de
escritórios e residências, oriundos da reciclagem, pois o
custo de produção de uma tonelada de produto acabado
cai pela metade em relação ao fabricado com celulose
virgem, originária das florestas plantadas.
No caso do vidro, esse número é também bastante
expressivo por causa da economia de energia obtida
com a redução na temperatura necessária para fundir
o vidro reciclado, que é bem mais baixa, gerando eco-
nomia substancial no consumo de gás ou eletricidade.
Dados da Associação Técnica Brasileira das Indústrias
Automáticas de Vidro (Abividro) mostramque os fornos
que estãoproduzindohoje as embalagensdevidroâmbar
março/abrilde2014|
RevistadaESPM
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