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janeiro/fevereirode2014|

RevistadaESPM

107

Consumidores

indignados

:

ativismodigitale

consumo

consciente

Crescemas reclamações dos consumidores quanto ao atendimento, serviços e produtos

nas redes sociais. Os consumidores estão ficandomais exigentes ou são as empresas

que não conseguemcompreender e se adaptar aos novos tempos?

Por FábioMariano Borges

N

os últimos vinte anos, passamos a conviver

com uma avalanche inédita de mudanças.

Desde a segundametade da década de 1980

vimos aexplosãodaAids; aquedade símbo-

los do separatismo como oMuro de Berlim; a decadência

deumimpérioeconômicoe social, casoda ex-UniãoSovi-

ética;marcantes atentados terroristasnumterritóriocon-

siderado como umdosmais protegidos donosso sistema

—osEstadosUnidos; aderrocadaeconômicadaArgentina

— modelo de prosperidade na América do Sul; a liberta-

ção, proclamação e morte de Nelson Mandela, símbolo

da paz e da luta contra o racismo; a ascensão econômica

do dragão Chinês; a reconfiguração do mapa geográfico

mundial; a passagemdo fax e damáquina de datilografar

paraocomputador; aexplosãodas redesdigitais trazendo

novas atitudes e formas de sentir; os 15minutos de fama

para qualquer anônimo; o rompimento transgressor dos

direitos autorais; o impériodonovodesign; a obrigatorie-

dade da tolerância e do politicamente correto; o

bullying

;

os bipolares; a decadência dos fumantes; a fertilização

in

vitro

; o transsexualismo; o acesso mais fácil à reposição

hormonal; a longevidade; a cultura do corpo e damalha-

ção acompanhada do aumento da obesidade; a dissolu-

ção do antagonismo entre esquerda e direita; a queda da

credibilidade das instituições; a decepção comas ideolo-

gias políticas e os seus representantes; a transformação

da composição familiar; a importância damulher na eco-

nomia e outras esferas da vida...

As mudanças não param por aí, afinal estamos pas-

sando por uma profunda crise. Ao contrário do sentido

comum,umacrise,segundoasociologia,nãoéumperíodo

negativo nem positivo. Não representa uma evolução,

mas omarco de ummomento de passagemno qual valo-

res, comportamentos, modelos, sistemas e instituições

se reconfigurame se transformam, levando para outros

formatos e orientações. Não sabemos o tempo de dura-

ção desta crise, nem comprecisão quais serão seus fru-

tos, mas é certeiro que não seremos mais os mesmos.

O xeque-mate tambémestá sendo dado para os negó-

cios. Osmodos de condução e atuação das empresas têm

mudadoprofundamente. Temas quepertenciamaumter-

reno utópico de crenças e ideologias foramincorporados

como estratégicos pelas lideranças das organizações:

cidadania; bem-estar comum; meio ambiente; susten-

tabilidade; cuidado social; diversidade; aceitação e tole-

rância; respeito e transparência; consumo consciente;

consumo responsável; e consumo comresponsabilidade

social. Esses termosmostramummovimento no qual o

consumidor é qualificado com base nas suas escolhas

no consumo e não somente no seu poder de compra.

Como estratégia de reputação de marca e relacio-

namento com o cliente, as empresas têm abordado e

divulgado a responsabilidade no consumo. Daí como

no mundo corporativo, já é comum nos depararmos

com o chamado marketing social ou

Marketing con-

tra a pobreza

— como indica o próprio nome do livro