janeiro/fevereirode2014|
RevistadaESPM
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o espírito demaio de 1968. Explicar esse fenômeno não é
tarefa fácil empaíses tão diferentes como Egito, Tunísia,
Líbia,Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda, França,Chileou
Brasil. Este acontecer planetário é umchamado de aten-
ção às classes políticas desses países, para nãomatar os
“sonhos”, como aconteceu com a Primavera Árabe, pois
as consequências podemser terríveis se esta frustração
utópica cai emmãos de fundamentalistas.
Ofuturo e odesenvolvimentodomundo estão em jogo.
A luta dos jovens é umespelho de nosso passado recente.
A democracia e a liberdade, como valores fundamentais
e inalienáveis dos homens, sãoperseguidas pelos jovens,
quenãoqueremseguircegamentemodelosoureceitasvin-
dos de longe. Os países desenvolvidos aparecem, a partir
dessa ótica, como sendo portadores de ummodelo civi-
lizatório a ser implantado pelos demais povos, por meio
da civilização, no qual a riqueza transforma-se no fetiche
damercadoria e, consequentemente, objeto do desejo.
Os direitos dos jovens, que tambémsãohumanos, não
podemseratendidosaleatoriamente,beneficiandoapenas
uma parcela de sua população. Somente em uma demo-
cracia o grito de rebeldia desses jovens não será calado.
Uma sociedadedemocrática está sempre emmovimento,
debatendoedefinindonovasprioridades edesafios, dese-
jando constantemente novas realizações. Somente uma
democracia poderia eleger umindígena comopresidente
da Bolívia e um afro-americano nos Estados Unidos.
Somente emuma democraciamulheres podemse eleger
presidentes de países latino-americanos comforte voca-
ção “machista”. Somente em uma democracia se pode
denunciar a espionagem dos serviços secretos a presi-
dentes eministros de países amigos.
Realidade utópica
O ideal utópico, ou os sonhos dos direitos humanos uni-
versais, que o sistema hegemônico propõe como ideal
prático, apresenta elementos de falsidade, injustiça e
desajustes, por meio de seus aparelhos ideológicos de
informação. É ummodelo que apresenta sinais eviden-
tes de esgotamento e fracasso, logo, não pode ser apre-
sentado como modelo universal de humanização. Pen-
sar os direitos humanos a partir da realidade histórica
significa pensá-los com base em sua realidade utópica.
A história não deve ser refeita com critérios morais. Os
direitos humanos são elementos ideológicos de uma
práxis humana e é algo que se adquire como possibili-
dade, por um processo de realização em que os povos
são sujeitos de si mesmos com suas paixões, por meio
de lutas políticas, sociais e jurídicas.
Os homens agem conforme as suas paixões, que são,
no modelo hobbesiano, movimentos de aproximação
(apetite), ou de repulsa (aversão), em relação a umobjeto
(democracia). Esses movimentos (jovens) seriam de um
desejocontraumaaversão. Essesdoiselementos resultam
Ahierarquia católica é decisiva
no plantio do ódio antissemita,
sobretudo no século 20. Tal atitude
dura até o triunfo do nazifascismo
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