Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  103 / 136 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 103 / 136 Next Page
Page Background

janeiro/fevereirode2014|

RevistadaESPM

103

o espírito demaio de 1968. Explicar esse fenômeno não é

tarefa fácil empaíses tão diferentes como Egito, Tunísia,

Líbia,Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda, França,Chileou

Brasil. Este acontecer planetário é umchamado de aten-

ção às classes políticas desses países, para nãomatar os

“sonhos”, como aconteceu com a Primavera Árabe, pois

as consequências podemser terríveis se esta frustração

utópica cai emmãos de fundamentalistas.

Ofuturo e odesenvolvimentodomundo estão em jogo.

A luta dos jovens é umespelho de nosso passado recente.

A democracia e a liberdade, como valores fundamentais

e inalienáveis dos homens, sãoperseguidas pelos jovens,

quenãoqueremseguircegamentemodelosoureceitasvin-

dos de longe. Os países desenvolvidos aparecem, a partir

dessa ótica, como sendo portadores de ummodelo civi-

lizatório a ser implantado pelos demais povos, por meio

da civilização, no qual a riqueza transforma-se no fetiche

damercadoria e, consequentemente, objeto do desejo.

Os direitos dos jovens, que tambémsãohumanos, não

podemseratendidosaleatoriamente,beneficiandoapenas

uma parcela de sua população. Somente em uma demo-

cracia o grito de rebeldia desses jovens não será calado.

Uma sociedadedemocrática está sempre emmovimento,

debatendoedefinindonovasprioridades edesafios, dese-

jando constantemente novas realizações. Somente uma

democracia poderia eleger umindígena comopresidente

da Bolívia e um afro-americano nos Estados Unidos.

Somente emuma democraciamulheres podemse eleger

presidentes de países latino-americanos comforte voca-

ção “machista”. Somente em uma democracia se pode

denunciar a espionagem dos serviços secretos a presi-

dentes eministros de países amigos.

Realidade utópica

O ideal utópico, ou os sonhos dos direitos humanos uni-

versais, que o sistema hegemônico propõe como ideal

prático, apresenta elementos de falsidade, injustiça e

desajustes, por meio de seus aparelhos ideológicos de

informação. É ummodelo que apresenta sinais eviden-

tes de esgotamento e fracasso, logo, não pode ser apre-

sentado como modelo universal de humanização. Pen-

sar os direitos humanos a partir da realidade histórica

significa pensá-los com base em sua realidade utópica.

A história não deve ser refeita com critérios morais. Os

direitos humanos são elementos ideológicos de uma

práxis humana e é algo que se adquire como possibili-

dade, por um processo de realização em que os povos

são sujeitos de si mesmos com suas paixões, por meio

de lutas políticas, sociais e jurídicas.

Os homens agem conforme as suas paixões, que são,

no modelo hobbesiano, movimentos de aproximação

(apetite), ou de repulsa (aversão), em relação a umobjeto

(democracia). Esses movimentos (jovens) seriam de um

desejocontraumaaversão. Essesdoiselementos resultam

Ahierarquia católica é decisiva

no plantio do ódio antissemita,

sobretudo no século 20. Tal atitude

dura até o triunfo do nazifascismo

divulgação