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Sociedade

Revista da ESPM

| janeiro/fevereirode 2014

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ocupou o primeiro lugar nos Trending Topics do Brasil,

sendo o assuntomais comentado nomicroblog Twitter.

Antes mesmo de sofrer qualquer fiscalização oficial,

a Arezzo se pronunciou publicamente com pedido de

desculpas e retirou a coleção do mercado. A reação da

empresa corresponde aoque destaca opesquisadorMon-

roe Friedman, emumartigo publicado no livro

Political

virtue and shopping

, de Michele Micheletti: “Manifesta-

ções dos consumidores, como os boicotes, preocupam

muito mais as empresas na proteção da credibilidade

da marca do que quanto às perdas financeiras” (

Using

consumer boycotts to stimulate corporate. Policy changes:

marketplace, media and moral considerations

).

Ativismo digital contra as empresas

A tarefa das empresas no gerenciamento de crises tem

se expandido cada vez mais para as redes sociais. Aí

entramos

social media

, profissionais que, entre as diver-

sas tarefas, estão dedicados a responder aos

posts

que se

referem à empresa.

Esses depoimentos e compartilhamentos contra as

marcas nas redes sociais têmgerado alguns aprendiza-

dos. Os consumidores aprenderamque as redes sociais

são um campo eficaz de manifestações, denúncias e

reclamações contra as empresas, uma vez que são res-

pondidos e atendidos com maior agilidade e melhor

qualidade, se comparado com os canais tradicionais

(SAC, ouvidoria, atendimento ao cliente). Isso acon-

tece porque, preocupadas com a reputação da marca,

as companhias têm investido em profissionais dedi-

cados a acompanhar as redes sociais. Em geral, esses

profissionais têm uma qualificação melhor que a dos

contratados para atender aos consumidores nos canais

tradicionais.

Em estudo quantitativo realizado em três casos de

ativismo digital (Arezzo, Zara, O Boticário), com o

objetivo de traçar o perfil desses ativistas, é possível

notar que 70% dos que postaram ou compartilharam

informações contra essas empresas não eramusuários

ou clientes dessas marcas. Estamos nos deparando,

então, com um conceito de consumidor diferente do

que é entendido e praticado pelas empresas, que con-

sideram como consumidor aquele que tem relação

comercial com a sua marca. Toma a cena, então, o

cidadão que, no papel de consumidor, reclama e acusa

as empresas. Este, que talvez nunca se converta em

cliente da marca, deve agora ser ouvido e até atendido

em suas reivindicações.

O exercício do ativismo digital no consumo também

pode ser um exercício para o uso das redes sociais,

com o objetivo de motivar e organizar manifestações

que não tenham como tema o consumo, mas que tam-

bém podem flertar com temáticas políticas e sociais.

Daí, termos visto casos como a chamada “Primavera

Árabe”, ou mesmo as manifestações populares que

aconteceram no final do primeiro semestre de 2013

e, em geral, organizadas e anunciadas no ambiente

cibernético.

O empoderamento do consumidor como um agente

responsável e consciente pelo bem-estar econômico e

Há dois anos, omovimento ”BoicoteArezzo”, feito pelos

consumidores no Facebook, levou a empresa a retirar do

mercado sua coleçãoPeleMania, que tinha como destaque

ouso de peles de raposa e coelhona confecção de sapatos,

bolsas e echarpes

A reputação damarca toma uma importância e umsentido singular

no século 21, bastante divulgado pelas redes sociais, no tocante a temas

que até então o setor privado lucrativo não se dedicava tanto: cidadania,

sustentabilidade, responsabilidade social, ética, bem-estar coletivo