Entretenimento
Revista da ESPM
| janeiro/fevereirode 2014
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M
arketing internacional é um conceito
criado por Philip Kotler, na década de
1980, que traduz a importância de as
empresas desenvolveremsuas estraté-
gias e negócios globalmente. Na década seguinte, a sua
frase “Pensar globalmente, agir localmente” marcaria
definitivamente essa ideia.
Como professor de administração e relações interna-
cionais, defendoa tesedequeoconceitonãodeve ser apli-
cadosomenteàexportação (comoboapartedasempresas
e pessoas o faz), mas a todos os segmentos de negócios.
No setor cinematográficomundial, por exemplo, essa
ideia temganhado espaço, pois antes a receita local das
bilheterias dos cinemas era a mais importante para o
negócio. Em segundo lugar, vinha a venda das produ-
ções para a televisão, diferentemente do que ocorre hoje,
quando prepondera o pensamento global. Assim, já foi o
tempo emque uma produção podia ocasionar a falência
de um estúdio de cinema, como ocorreu com
Heaven’s
Gate
(
Portal do Paraíso
, 1980), de Michael Cimino, que
custou em torno de US$ 50milhões para o estúdio Para-
mount, mas rendeu apenas cerca de US$ 1 milhão no
mercado americano, fazendo comque o estúdio pedisse
concordata. Já em2012,
JohnCarter
, produçãodeUS$200
milhões, foi umretumbante fracasso do estúdioDisney,
que nempor isso faliu. Ofilme custou, ainda, outrosUS$
100milhões emmarketing totalmente equivocado, que
influenciou negativamente nos resultados do estúdio no
referido período. Mundialmente, deveria faturar pelo
menos US$ 700 milhões para recuperar o capital. Che-
gou a US$ 269milhões. O erro foi tão grave que forçou a
demissão do presidente do estúdio, Rich Ross.
Com base em alguns artigos publicados em revistas
especializadas, como
Preview
,
Monet
,
Cinema Brasileiro
e a saudosa
Set
, e em fontes virtuais (como a IMDb, por
exemplo), apresentoaseguirumpanoramaatual da indús-
tria cinematográfica, em especial a norte-americana, e
seus desdobramentos contextualizados com o marke-
ting internacional.
No cinema contemporâneo, existem várias formas
de lançar uma obra no mercado nacional e no exterior.
No passado, as produções da maioria dos países eram
direcionadas exclusivamente para o respectivo mer-
cado doméstico, e poucos eram os filmes que tinham
condições de serem conhecidos fora das fronteiras de
seu país de origemou de ter umdestino diferente, além
de sua exibiçãonas salas de cinema, como a venda direta
para a televisão. Episódios como o do
Portal do Paraíso
,
de Cimino, acabaramobrigando as grandes produtoras
a adotar critérios mais seletivos na escolha das produ-
ções, alémde otimizar custos, reduzir despesas e optar
por outros meios de veiculação. Tais critérios foram
requisitos para a obtenção de financiamentos e seguros
bancários, coma imobilização dos recursos financeiros
do estúdio durante o período da produção e comerciali-
zação do filme. Passarama ser efetuadas parcerias com
empresasdeprodutos (comobrinquedos) evendadeespa-
ços dentro dos filmes, a título de exposição de marcas.
A partir de 2006, o
crowdfunding
se tornou uma opção
definanciamento, nãonecessariamente relacionadadire-
tamente aos riscos comerciais finais, mas como forma
rápida para viabilizar a produção de umfilme. Essa ideia
do jornalista americanoMichael Sullivan consiste num
funding
cujos recursos são obtidos a partir de empresas
Em1980, Michael Cimino gastouUS$ 50milhões
para produzir
Heaven’sGate
e levouo estúdio
Paramount a pedir concordata, pois o filme rendeu
apenasUS$ 1milhãonomercado americano
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