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Responsabilidade social

Revista da ESPM

| janeiro/fevereirode 2014

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Vamos analisar o seguinte exemplo: o leitor recebeu

R$ 100 mil de uma venda e, com esse dinheiro, pode

investir em um fundo muito rentável. Mas o filho do

seu melhor amigo está muito doente e ele lhe pediu

dinheiro para pagar o tratamento e continuar vivo.

Investir o dinheiro ou ajudar seu amigo... o que fazer?

Nessas horas, o valor que você carrega ou defende lhe

ajudará na tomada de decisão. Se o leitor cultiva o valor

da amizade, tende a emprestar o dinheiro para o seu

amigo. Afinal, você não conseguirá dormir enquanto o

filho dele nãomelhorar. Porém, se o seu valor é a prospe-

ridade, você vai para a igreja com seu amigo pedir uma

ajuda divina e entrega o dinheiro para o seu investidor.

Se você não tivesse claro os seus valores, não saberia o

que fazer. Pior, o leitor poderia ter atitudes incoerentes a

cada novo problema, o que transmitiria uma certa inse-

gurança sobre sua personalidade. Os valores que esco-

lhemos para viver ajudam a traçar nosso futuro, nossa

identidade e nossas relações sociais.

Valores não são tão simples assim!

Agora parece tudo mais fácil, afinal é só escolher uma

lista de valores para defender e bola para frente. Acha-

mos os certos, entre cinco e dez, para que possamos

ter certeza sobre como agir. Ledo engano... Apesar de

parecer tão simples, há umgrau de complexidade. Ima-

gine que um supermercado de alto nível elabore uma

lista de cinco valores indispensáveis, como orientação

e identidade do seu negócio:

Lucro, Humildade, Disci-

plina, Determinação

e

Responsabilidade Social

. Agora,

pense na seguinte situação: umgrupo de consumidores

se manifesta pedindo um leite de determinada marca.

Como preza pelo valor

Humildade

, a empresa deve ouvir

os clientes e atender à demanda. Mas existe um pro-

blema, pois a fabricante de porte médio não consegue

fazer um preço muito abaixo do seu valor de mercado

— até 25% — pois não tem um portfólio de produtos. A

empresa só fabrica esse leite e é com a venda dele que

consegue pagar corretamente seus trabalhadores e

fornecedores.

Se o supermercado comprar esse leite, mais caro que

os concorrentes, ele atentará contra dois de seus valores:

Lucro

e

Disciplina

. Comas outrasmarcas, o supermercado

lucra mais — entre 35% e 40% — e pela lei de mercado ele

não pode cobrar muitomais caro pelo leitemenos lucra-

tivo. O leite desejado pelos consumidores afeta os lucros

do supermercado. Alémdisso, o valor

Disciplina

diz que é

precisoqueos funcionáriosdeumsetor seorganizempara

obter um lucro presumido. Opa... Se os clientes compra-

remmais leite da marca menos lucrativa, o setor de lati-

cínio do supermercado não bate as metas impostas, por

mais que se organizem. O que fazer? Nesse caso, não há

resposta pronta, pois umvalor conflita comoutro.

Vamos imaginar que, por conta da expansão de sua

rede, esse supermercado tenha quebrado outrosmerca-

dos menores e, com isso, gerado o desemprego emuma

determinada região. Seu valor

Responsabilidade Social

entra em jogo e a empresa cria programas educacionais

A nova geração de consumidores e trabalhadores não aceita mais

ordens sem sentido, horários fixos, produtos padronizados e metas

pelas quais eles não se motivam em cumprir – cada vez mais

as empresas investem emprogramas motivacionais, sem sucesso

Trabalhadores exigemtransporte público de qualidade e

protestamcontra o aumento das passagens emtodo o país

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