entrevista | Paulo Rossato
Revista da ESPM
|maio/junhode 2014
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Nesse sistema, o produtor aprende
a cuidar da criação como se fosse
um animal doméstico. Aprende a
não deixar faltar água nem comida,
a manter a temperatura controlada.
Isso requer conhecimento do produ-
tor, assim como o bom manejo e a
administração equilibrada da ativi-
dade familiar. OPIB das regiões onde
a BRF está presente figura entre os
maiores do campo no Brasil. Década
após década, onde há integração, há
crescimento.
Dubes –
Como a BRF encara a inova-
ção e as novas tecnologias na genética
de frangos e suínos? A companhia ainda
depende de matrizes estrangeiras?
Rossato –
O setor se fortaleceu mui-
to ao longo dos anos. Temos organis-
mos paraestatais, como a Embrapa
Suínos e Aves, que detém tecnologia
e estudos específicos sobre novas
genéticas. O Brasil ocupa as pri-
meiras colocações na produção de
aves e suínos em nível mundial. O
que existe de tecnologia nós conhe-
cemos e estamos implementando.
Temos fatores que pesam contra.
Poderíamos estar trabalhando com
tecnologia ainda melhor se tivésse-
mos crédito facilitado e um sistema
de tributação mais ameno. Hoje,
isso trava o crescimento tecnológi-
co, por causa das altas taxas de im-
portação. Mas é um setor que conhe-
ce o seu
métier
, detém tecnologia e é
um dos primeiros do mundo.
Dubes –
Em termos de desenvolvimento
local de tecnologia em genética animal,
estamos no estado da arte?
Rossato –
Ainda não estamos no
estado da arte. Temos nossos pro-
dutos e criações, mas ainda depen-
demos de recursos tecnológicos do
resto do mundo. O estado da arte
está nos Estados Unidos, na Espa-
nha, ou ainda na área de frangos da
França e de suínos da Dinamarca.
Dubes –
A BRF é uma das poucas
multinacionais brasileiras que possuem
marcas conhecidas pelo consumidor
estrangeiro, além de várias parcerias
com grandes clientes no exterior. O que
essas operações externas representam
em termos de estratégia, importância e
perspectiva de negócios para a empresa?
Rossato –
Dentro do setor agro, esta-
mosbuscandocadavezmaisparcerias
externas. Somos um grande expor-
tador. Portanto, temos de atender o
mercado externo dentro da mais alta
tecnologia, do mais alto grau de quali-
dade, sanidade e rastreabilidade, entre
outros fatores. Hoje, não produzimos
matéria-prima fora do Brasil, mas é
algoque pode ser estudadono futuro.
Dubes –
Uma das parcerias mais im-
portantes e já noticiadas pela imprensa é
a presença da BRF com uma fábrica em
Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Vocês
não terão abate lá, então?
Rossato –
Exato. A matéria-prima
será produzida e abatida aqui, no
Brasil. Depois, as carcaças são leva-
das para serem industrializadas lá,
dentro das premissas daquele país,
naturalmente.
Dubes –
A fusão Sadia-Perdigão foi
exemplar em vários aspectos, contri-
buindo para a formação da maior multi-
nacional brasileira na área de alimentos.
Como está o processo de integração das
duas culturas, na integração com os pro-
dutores? E quais serão os valores e cren-
Oempresário JoãoDória, o vice-presidenteMichel Temmer e o presidente
daBRF, ClaudioGaleazzi, durante o lançamento do projeto daBRF que irá
construir uma fábrica emAbuDhabi, nos EmiradosÁrabesUnidos