maio/junhode2014|
RevistadaESPM
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ças que essa nova companhia pretende
enfatizar no futuro?
Rossato –
Na questão agropecuária,
a cultura é praticamente idêntica.
Vínhamos da mesma região, atuáva-
mosmais oumenos damesma forma,
com os mesmos tipos culturais de
integrados. Por exemplo: descenden-
tes de italianos, alemães e poloneses,
entre outros. Não tivemos grandes
problemas na integração da produ-
ção de aves e suínos no Brasil. Hoje,
passados já cinco ou seis anos desse
processo, praticamente toda a nossa
produção integrada já está com um
novo contrato, nos moldes da BRF,
não mais da Sadia ou da Perdigão.
Houve grande aceitação por parte
dos produtores, no sentido de incor-
porarem a nova companhia. Houve
um debate muito amplo e direto com
esse público. Anossa relação comeles
é muito estreita. Fizemos inúmeras
reuniões com os produtores nesse
período para esclarecer o que estava
acontecendo e abordar a necessidade
de se estabelecer umnovo contrato de
produção integrada. Estamos tendo
muito êxito. Ainda não temos 100%,
porque é um trabalho em desenvolvi-
mento. Mas, até o final do ano preten-
demos estar com praticamente 100%
dos produtores dentro desse novo
escopo de contrato e relacionamento.
E aqui abro um parêntese. Dentro da
criação da nova legislação, que citei
antes, a BRF tem sido uma das em-
presas que mais participam de toda
essa discussão em nível nacional. A
empresa já incorporou toda essa nova
legislação, embora ainda não vigente,
em todos os pontos de consenso, de
interesse convergente entre produto-
res e a agroindústria.
Dubes –
Vocês competem com coope-
rativas e outras multinacionais pelos
produtores integrados, pela exclusivi-
dade de compra da matéria-prima que
produzem. Nesse contexto, qual a vanta-
gemde estar coma BRF e não comoutra
empresa ou cooperativa?
Rossato –
Historicamente, o diferen-
cial está na questão segurança. Há um
equilíbrio muito grande. O produtor
integrado se sente mais fortalecido
quando está integrado a uma grande
indústria como a nossa. Ele sabe que
detemos um mercado seleto, não só
no Brasil, como no exterior. As princi-
pais marcas do mercado são ligadas à
empresa. Ou seja, uma grande parte
dos melhores produtores, que detém a
melhor tecnologia, está conosco.
Dubes –
Um dos grandes problemas
da criação de suínos é o que fazer
com os dejetos que poluem o ambien-
te. Uma das melhores soluções para
minimizar a questão é o chamado
biodigestor, que transforma os dejetos
em gás metano e adubo. A BRF está
ajudando os pequenos produtores na
busca de soluções?
Rossato –
É uma das áreas em que
mais atuamos. Temos cuidado des-
sa questão de forma muito séria, e
não é de hoje. A grande indústria,
e aí nos incluímos, investe muito
em inovação. Por volta de 2000,
Perdigão e Sadia (as duas empre-
sas formadoras da BRF) buscavam
melhorar as condições de produção
no campo, como forma de garantir
o aumento e a continuidade da
produção de modo sustentável. E
isso requereu, de forma inédita no
Brasil, uma busca muito grande
por tecnologias que pudessem mi-
nimizar o impacto ambiental. Foi
quando implantamos a tecnologia
de tratamento dos dejetos via lagoas
com biodigestão. A iniciativa partiu
das duas empresas, que trouxeram
biodigestores para a agropecuária
no Brasil, especialmente na criação
de suínos. Naquela época, enquanto
o mundo discutia o Protocolo de
Kyoto, nós buscamos crédito nas
instituições para financiar a im-
plantação da tecnologia no campo.
Inicialmente, era para ser implanta-
do em todos os suinocultores, mas
tivemos de canalizar para 1,2 mil
produtores que detinham maior vo-
lume, em função do custo. O plano
era pagar a conta com a venda de
créditos de carbono. Mas isso não
se consolidou. Os projetos foram
criados para serem viáveis com o
crédito de carbono a um preço em
torno de
€
17 a tonelada. Hoje ele
está em
€
0,63. As companhias ban-
caram a adequação ambiental. Para
nós, é condição
sine qua non
que o
produtor tenha licenciamento am-
biental em suas propriedades. Todo
produtor, seja grande ou pequeno,
tem, hoje, alguma tecnologia de
Oconsumidor quer carnemaismagra,
rastreabilidade, segurança ambiental e social.
Eé cada vezmais exigente. Ele quer que a empresa
atenda a todas as questões sociais envolvidas