maio/junhode2014|
RevistadaESPM
59
muito eficiente, que as sementes melhoram constante-
mente, que temos uma assistência técnica de boa qua-
lidade e as indústrias de máquinas e implementos dão
saltos espetaculares no desenvolvimento de tecnologia
adequada às nossas condições de solo e clima.
Semdúvida,portrásdessesucessoestápresenteogoverno,
que colhe frutos variados a cada safra. Éoagroquegarante
o abastecimento interno. É a lavoura e a pecuária que aju-
damno controle da inflação. São os grãos e as carnes que
constroemosuperavitdabalançacomercialcomoexterior.
O agro entrega!
Cabeperguntar finalmente se, forao indispensável apoio
à produção, o setor agrícola está recebendo de volta, em
termos de infraestrutura, tudooque entregapara a socie-
dade. Porque o agro entrega!
O agro tem sido o fiel da balança. Com garra e criati-
vidade, ele supera problemas climáticos e deficiências
viárias para chegar aos centros de beneficiamento, aos
canais de distribuição e aos portos de embarque interna-
cional. Se há desperdícios no caminho (errado?), amenor
das culpas cabe aos produtores rurais.
Se o Brasil inteiro funcionasse como vem operando
nossa agricultura, já seríamos com certeza um país do
PrimeiroMundo, já teríamos superado nossas desigual-
dades internas e poderíamos, quem sabe, exportar tec-
nologias sociais e ambientais paramelhorar a qualidade
de vida em nosso planeta. Entre essas tecnologias, uma
dasmelhores que temos é a agroindústria que faz da bio-
massa uma alternativa ao petróleo.
De fato, na produção rural estamos longe domarasmo
da década de 1950, quando o nosso país mergulhou na
aventura industrial que trouxe consigo a urbanização e
uma necessidade premente de obras de infraestrutura
nas cidades e nas zonas de exploração agrícola. Éramos
incipientes e fazíamos parte do Terceiro Mundo, mas já
naquelaépoca se reconheciahavermeiosdematar a fome
na face da Terra. “Falta apenas vontade política”, disse o
presidente americano JohnKennedynoCongressoMun-
dial de Alimentos, em1963.
Quando Kennedy denunciou a falta de vontade do
mundo, uma estatística corrente dizia que morriam de
fomediariamentenomundo14mil pessoas. Eraumacifra
inacreditável e revoltante para os jovens que, como eu, se
iniciavamna vida profissional nomeio agrícola.
Passados 50 anos, os indicadores atuais informam
que agora morrem 40 mil pelo mesmo motivo — a fome.
É uma degradação incompreensível quando se recorda
que omundo nunca produziu tanto alimento nem teve à
disposição tamanho acervo tecnológico na exploração
dos caminhos da roça.
Abundam as colheitas, mas falta comida no prato de
uma dois bilhões de pessoas, ou seja, 15% a 30%da popu-
lação mundial, que já passou de sete bilhões. São dados
perturbadores, especialmente para quemdedicou a vida
à agricultura. Estamos no caminho errado.
O homem voa, extrai petróleo de cinco mil metros de
profundidadeesecomunicainstantaneamenteviasatélite
—ferramentaqueserve tambémpara fotografardistúrbios
climáticos e sinais de poluição como asmanchas de óleo
nosoceanosouosincêndiosflorestais—,massomentecom
incentivo fiscal oumuita pressãomoral toma-se a inicia-
tiva demover uma palha pelo semelhante carente que às
vezes não temnemprato nem teto. Infelizmente, parece
que o progressomaterial e técnico só fez encurtar nossa
paciênciadianteda ignorância instaladaatrásdamiséria.
Luta contra a miséria
No Brasil, felizmente, por mérito do governo federal,
especialmente no governo Lula, amiséria diminuiu nos
últimos anos, mas cresce a consciência de que não basta
dar comida para os pobres — a única saída para o futuro
passa pela via educacional, saída que começa pela difu-
são de informações essenciais sobre o mundo em que
vivemos. A verdade é um insumo fundamental da admi-
nistração dos negócios públicos e privados.
Desde os anos 1950 o mundo possui um organismo
internacional — a Food and Agriculture Organization
(FAO), hoje dirigida pelo agrônomo brasileiro José Gra-
ziano da Silva — cujos objetivos são ajudar a agricultura e
acabar coma fome nomundo. Oorçamento ordinário da
FAOpara dez anos é o equivalente ao que omundo gasta
em armamentos em apenas um dia: US$ 4 bilhões. Ou
Éa lavoura e apecuáriaque ajudam
no controle da inflação. São os grãos
e as carnes que constroemo superavit
dabalança comercial como exterior