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propõem uma me t odo l og ia de pesquisa do

consumidor crítica, com passos estruturados e

detalhados em um questionário

21

. Porém as

aplicações mantêm-se, em geral, no âmbito do

trabalho teórico, ou, no máximo, "transcendental",

isto é, verificando as condições de possibilidade de

pesquisas de campo na área (mais ou menos como

é o caso deste nosso). Dentre essas pesquisas de

campo, as do tipo "etnografía crítica"

22

, por

exemplo, seguem a técnica etnográfica usual, que

consiste na análise de um trecho de discurso prático

na organização, previamente registrado, utilizando-

se da TC como pano de fundo das análises.

Entretanto, os agentes sobre os quais a TC

tem tido a possibilidade de operar sua ação

emancipadora restringem-se, na maior parte dos

casos, aos pesquisadores e seus leitores. Isto em

f unção de as pesquisas não terem tido um

envolvimento prático sistemático dos membros da

organização

21

; ou então a reflexão é compartilhada,

de maneira

informal

(isto é, à parte dos objetivos

específicos da pesquisa em curso) com um pequeno

grupo em torno do qual a pesquisa se deu, ou em

ambientes acadêmicos ou de treinamento

24

.

Assim,

o

es t ág io

incipiente

de

desenvolvimento da aplicação da TC, e as técnicas

até agora utilizadas, resultaram em pouca influência

desta abordagem sobre a organização, não havendo

registro, até o momen t o, de

mudança

de

comportamento organizacional efetiva por efeito

direto e planejado de pesquisa crítica.

Outro problema é o temor, que permeia a

aplicação da TC no campo organizacional, de que

a TC seja

instrumentalizada

no decorrer desse

processo,

pe r dendo

seus

f und ame n t os

emancipadores em função

de finalidades

técnico-

estratégicas.

Esta p r eocupa ç ão foi exp l i c i t ada por

TENORIO:

"O surgimento de um novo conceito de razão

não e sgo ta a c a p a c i d a de de segu ir a

'ilustração' seu caminho, mesmo porque o

paradigma habermasiano ainda não alcançou

maturidade suficiente para ser invulnerável.

(...) a questão que se pretende discutir é de

como f omen t ar o pa r ad i gma da razão

comunicativa dentro dos espaços sócio-

f o rma is nos quais p r edomi na a razão

instrumental? Que estratégias devemos

utilizar para melhor socializar o processo

de tomada de decisões nas organizações? Será

que a utilização de algum tipo de estratégia

não instrumentalizaria a razão comunicativa?

Ou tem razão a administração em manter a

sua racionalidade instrumental?"

25

Au t or es impo r t an t es sus t en t am que a

racionalidade instrumental é incompatível com

"seu oposto", a racionalidade substantiva; entre

eles

GUERREIRO RAMOS

,que, coerentemente com

isto,

p r opõe

o

e n c l a u s u r ame n to

da

instrumentalidade em enclaves econômicos, e a

atuação diversificada do homem na sociedade em

ou t ros tipos de enc l aves (seu

paradigma

paraeconômico):

"Raramente se podem integrar atualização

[realização] pessoal e maximização da

utilidade, no sentido estritamente econômico.

Onde quer que ambas sejam seriamente

consideradas como imperativos fundamentais

da vida individual e social, é preciso que se

delimitem enclaves em que cada uma delas

possa ser convincentemente atendida. A

maximização da utilidade é incidental, nos

sistemas que visam a atualização pessoal e,

conversamente, a atualização pessoal é

incidental naqueles que visam a maximização

da utilidade. Assim, a f o rmu l ação dos

sistemas sociais é, tanto quanto uma ciência,

uma arte multidimensional ,"

26

N O RD E JERMIER

demonstram preocupação

com o

uso instrumental

mesmo do conhecimento

gerado pela TC nas organizações:

"CSS [ciências sociais críticas] might be

employed by elites in several ways. First,

CSS can enlighten members of elite groups

in much the same way that it can anyone, by

giving them insights into unrecognized

sources of domination. Secondly, since some

members of elites are dominated by others

members of their group, CSS might help

them in a manner analogous to how it would

help any oppressed group. Thirdly, CSS (or

at least portions of it) could be employed by

elites to further oppress the oppressed.

Finaly, CSS could be used by elites in

struggles with other elites outside their

group."

27

Está claro que estes efeitos "perversos"