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atitude teórica a realidade estruturada. O

historicismo tornou-se o positivismo das

ciências do espírito"

9

Habermas sustenta nesse trabalho que todo

conhecimento é movido por um

interesse

vital que

o anima e dirige sua metodologia, seleção de objetos

válidos e resultados:

"No exe r c í c io das c i ênc i as emp í r i co-

analíticas, imiscui-se um interesse

técnico

do

conhecimento; no exercício das ciências

h i s t ór i co-he rmenêu t i cas, intervém um

interesse

prático

do conhecimento e, no

posicionamento das ciências de orientação

crítica, está implicado aquele interesse

emancipatório

do conhecimento que (...)

estava subjacente, de um modo inconfessado,

às teorias tradicionais."

10

Não vamos aqui reproduzir a argumentação

com que

HABERMAS

defende a vinculação do saber

a interesses: a literatura citada é facilmente

encontrável no Brasil, em português; há extensa

literatura secundária sobre o assunto,

inclusive no

campo da teoria organizacional

; e, ademais,

passados trinta anos desde a publicação do original

em alemão, essa idéia, em termos gerais, já não

deverá chocar o leitor por qualquer novidade. Ao

invés disto, passamos a discutir as ciências de

orientação crítica e seu interesse emancipatório" .

O que é

a

Teoria Crítica, e o que é

uma

teoria

crítica? Teoria Crítica refere-se à produção alemã

"pós-marxista" (que, na verdade,

retorna

ao

jovem

MARX)

de filosofia social ligadas à Escola de

Frankfurt:

HO R KH E I ME R, A D O R N O, B EN J AM I N,

MARCUSE

(entre outros) e, atualmente,

HABERMAS

12

.

A unidade da "Escola" é eminentemente

temática

(e não de concordância de pensamentos): ideologia,

racionalidade, tecnologia, totalidade, dominação e

emancipação ocuparam o pensamento destes

autores

13

. Em termos de epistemología, uma teoria

crítica (ou "ciência de orientação crítica")

revela,

em primeiro lugar, seu interesse emancipatório:

"As teorias científicas têm como propósito

ou fim a man i pu l a ç ão sa t i s f a t ór ia do

mu n do e x t e r i o r;

e l as

t êm

' u so

i ns t r umen t a l '. (...) As teorias críticas

visam à emancipação e ao esclarecimento,

ao tornar os agentes cientes de coerções

o c u l t a s, l i b e r t a n d o - se a s s im d e s s as

coerções [pelo menos da parcela auto-

imposta] e deixando-os em condições de

de t e rmi nar onde se encon t r am seus

verdadeiros interesses."

14

Além disso, a teoria crítica é

reflexiva,

na

medida em que é sempre parte de seu objeto, uma

vez que não compartilha da separação

sujeito-

objeto

da teoria científica "tradicional" - que é

"objetificante"'

5

.

Em termos da taxionomia

estabelecida por

BURREL E MORGAN,

que citamos

para

o funcionalismo,

a Teoria Crítica é

humanista

radical,

isto é, nominalista, anti-positivista,

voluntarista e ideográfica.

A aplicação da Teoria Crítica (TC) no campo

organizacional-administrativo é incipiente, porém

existe e cresce ano a ano (inclusive no Brasil), e

seus campos de atuação mostram uma comunidade

de pesquisadores criativa e uma difusão virulenta

das idéias críticas: de Recursos Humanos a

Contabilidade, de Marketing a Sistemas de

I n f o rma ç ão

1 6

. Não cabe aqui um histórico

de t a l hado da evo l ução da TC no campo

organizacional (esboçamos um histórico noutro

trabalho

17

).

GRIMES

analisa assim a contribuição

da Teoria Crítica para a ciência das organizações

("OS"):

"CT instructs OS theorizing by expanding

concerns beyond managerial problems

assumed to be primarily technical in nature.

CT challenges unreflective 'science' and

exposes the indissoluble connection between

politcs, values and knowledge. According to

CT, social and philosophical rather than

technical and economic foundations are more

pertinent to OS (...). Authority, bureaucracy,

efficiency, science and (rational) decision

making are research objects rather than taken-

for-granted assumptions or structures, thus

undermining their sense of inevitability. (...)

CT instructs research practice in its aims, the

observed, the observer, the process of

obs e r va t i on, and the validation of

knowledge..."

18

Os trabalhos em campos específicos de fato

atingem o intento acima, através de trabalhos

teóricos de análise de campos "sagrados" e

dificilmente questionados, de outra forma, em seus

princípios, como por exemplo: a Contabilidade

19

,

a Pe squ i sa Operacional

2

" e a Pesqu i sa de

Marketing. Neste último campo,

MURRAY E OZANE