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de nossos dias. Para tanto, deveriam interpretar com

muito cuidado as três mensagens

implícitas

que os

anunciantes nos enviam o tempo todo. Elas foram

levantadas através de um estudo patrocinado pela

ESPM, que incluiu entrevistas em profundidade com

20 empresas de grande porte (vendas anuais acima

de US$ 200 milhões) e detentores de verbas

publicitárias importantes. Esses anunciantes dizem

que e spe r am de suas agênc i as (mas,

freqüentemente, não obtem) três benefícios

principais:

1. Campanhas criativas

2. Estratégias de comunicação inovadoras

3. Real compreensão do problema do cliente.

Com base nos comentários dos próprios

entrevistados, daremos a seguir a nossa própria

interpretação desses anseios revelados pelos

anunciantes.

1. Campanhas mais criativas

Na r azão direta de sua so f i s t i cação'

profissional, os clientes consideram "criativas" as

campanhas que associam à sua marca vantagens

competitivas (concretas ou subjetivas) relevantes

para o público a que se destinam. Isto, evi-

dentemente, torna muito mais difícil o trabalho das

agências e passa a exigir profissionais de criação

com um novo perfil.

Foi-se o tempo em que a forma era mais

importante do que o conteúdo e tudo se resolvia

com "sacadas" brilhantes. Hoje, esses velhos

truques de nosso ofício só conseguem impressionar

os anunciantes com pouca experiência. E esses

(alas!) estão cada vez mais raros.

O que é, então, esta criatividade de que falam

os anunc i an t e s? Por que, por exemp l o, os

comerciais que ganham prêmios raramente (ou

quase nunca) coincidem com os que conseguem

índices de

recall

mais altos nas pesquisas? E porque

é que os comerciais de marcas líderes

nunca_

são

premiados? Esse tipo de discussão deveria ser mais

freqüente, do que infelizmente é, entre os nossos

homens de planejamento e de criação.

2.

Estratégias de comunicação inovadoras

Para muitos homens de agência, uma

"estratégia criativa" é apenas o preâmbulo do salto

criativo. Um depende da outra. Mas, pelo que

ouvimos em nossa pesquisa, os anunciantes não

pensam assim. Para eles, uma estratégia de

comunicação inovadora é aquela que sai do lugar-

comum e parte da premissa de que, nem sempre, a

nossa propaganda deve obedecer aos cânones

tradicionais. Segundo a definição geralmente aceita,

a propaganda consiste na divulgação de mensagens

patrocinadas, com identificação dos patrocinadores,

em veículos de massa (como a TV, rádio, imprensa,

etc). Ora, sem prejuízo dessa definição (que sempre

terá validade) caminhamos cada vez mais para uma

nova realidade, onde o lançamento ou reforço de

uma marca se faz através de sua associação com

eventos ou com a parte editorial ou artística dos

veículos utilizados ou ainda através de ocasiões

fortuitas criadas pela conjuntura. Prevemos, só para

citar um pequeno exemplo, que o uso do "merchan-

dising" em novelas e outros programas de TV

crescerá enormemente, em quantidade e em

qualidade, restando às agências descobrir formas

novas de colaboração com o cliente, sob pena de

serem alijadas do processo. Numa outra dimensão,

um grande evento esportivo, ou artístico, pode fazer

mais por uma marca do que um ano de comerciais

colocados em horário nobre. O marketing esportivo

está ainda em sua infância, entre nós, mas já mostrou

o que poderá vir a representar, como força agregada

a uma marca. Ainda outro exemplo: recentemente,

a Microsoft lançou o seu sistema "Windows 95" no

mundo inteiro e o transformou em um campeão de

vendas da noite para o dia, praticamente sem utilizar

mensagens publicitárias assinadas. Pergunta-se:

como conseguiu fazer isso? Que outras formas de

comunicação foram usadas, além dos anúncios

tradicionais?

Na verdade, cada vez mais caminhamos para

um mundo de comunicação integrado com o

mercado e o ambiente empresarial. As imagens

institucional e de marca convergem para uma só

imagem, una e indivisível. Freqüentemente, nesta

nova realidade, o foco da comunicação com o nosso

mercado está em uma personalidade, ou em um

fato extemporâneo, muito mais do que em nossos

anúncios e comerciais. No mês de sua inauguração,

a nova loja da Walmart em Osasco (SP) vendeu 33

milhões de reais, quase sem fazer propaganda. O

que levou multidões à loja foi a celeuma levantada

pela imprensa em torno da política de preços baixos

da Walmart, alimentada pelas declarações públicas