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entrevista | JOHN HOWKINS

Revista da ESPM

| setembro/outubrode 2014

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terferem em como, para quê e onde

trabalhamos. E também nos luga-

res em que estudamos e no tipo de

treinamento que precisamos para

exercer o trabalho. Mas impactam,

sobretudo, na forma como somos

pagos para trabalhar. O emprego

formal está mudando de forma e

isso tem um efeito profundo nos

sistemas de pensão e de proteção

social. Em razão disso, nem tudo

são boas notícias. Na realidade, há

problemas muito sérios que tere-

mos de enfrentar como sociedade.

Arnaldo

— Nossas economias e traba-

lhadores estão preparados para essas

mudanças?

Howkins

— É difícil dizer. Até hoje,

nós íamos para a escola, depois

investíamos em uma universidade,

conquistávamos um emprego e tra-

balhávamos muito duro para man-

tê-lo. A recompensa era a garantia

da aposentadoria lá na frente. Isso

virtualmente não é mais possível.

De um lado, temos trabalhadores

altamente criativos e bem-sucedi-

dos graças a essas mudanças, mas

são as pessoas de nível mais baixo

na cadeia do trabalho com quem

nós devemos nos preocupar. Vale

destacar também que esse trabalho

just in time

é extremamente estres-

sante, e muita gente não quer mais

isso para a sua vida. Há também o

fato de que muitos querem traba-

lhar de maneira mais aberta, mas

não são bons nisso. É um grande

conflito. E os governos estão muito

preocupados com a queda na arre-

cadação de impostos, que irá afetar

toda a estrutura da seguridade

social. São temas fundamentais e, a

propósito, formam a base da minha

nova pesquisa relacionada à econo-

mia criativa.

Arna ldo

— Segundo sua teoria,

Hollywood funciona com um único ob-

jetivo: o de transformar ideias em mar-

cas, histórias, estrelas e lucro. Como a

indústria criativa deve utilizar as lições

hollywoodianas como benchmark para

o crescimento de seus negócios?

Howkins

— Há diversos aspectos

admiráveis em Hollywood. Os es-

túdios são muito focados em seu

core business

. Eles investem pesado

em seus diretores, roteiristas e o

corpo técnico. Ao mesmo tempo,

fazem um trabalho muito eficiente

de marketing e promoção de seus

produtos. O segredo é que eles não

diversificam, não se arriscam em

atividades que desconhecem e estão

totalmente concentrados naquilo

que sabem fazer melhor. Outro pon-

to interessante é o domínio de toda

a cadeia de distribuição. Os estúdios

poderiam, facilmente, fazer duas ou

três vezes mais produções do que

entregam hoje, mas têm plena cons-

ciência do tamanho da cadeia de ci-

nemas. Por isso restringem delibe-

radamente a sua entrega para obter

a maior rentabilidade possível.

Arnaldo

— O curioso é que Hollywood é

umnegócio de sucesso há umséculo. Não

se pode dizer que é uma indústria jovem.

Howkins

— É muito tradicional. O

modelo vem dos anos 1920, e ele

nunca mudou na essência. No iní-

cio, os estúdios funcionavam como

verdadeiras fábricas. Nos anos 1960

houve uma redução de tamanho

dessas estruturas, mas o conceito

se manteve. Nos anos 1990, eles

foram comprados por grandes cor-

Oemprego formal estámudando de forma e isso temumefeito profundo

nos sistemas de pensão e de proteção social

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