Janeiro_2002 - page 63

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Revista daESPM –Março/Abril de 2002
berros.Eapromotoria?Apromotoria
quesedanasse, elenãodavamuita
bola. Essa cantoria entrou pelos
ouvidose foi diretoaocoração.Acho
queaminhapaixãopelapalavravem
daí. Quando cheguei ao Rio de
Janeiro, trouxe várias cartas de
apresentação, de intelectuais,
personalidadesqueacreditavamque
eu pudesse estar certo. E trouxe
várias cartas para profissionais do
Jornal do Brasil
, que ainda era um
jornal muito fechado. Embora
brincássemos – chamando-o “jornal
das cozinheiras”, por causa dos
classificados na primeira página –,
no miolo do jornal, eram só
sumidades escrevendo, gente da
AcademiaBrasileiradeLetras.ORui
Barbosa foi diretor de redação. Eu
não tive coragem de entregar as
cartas que trazia e acabei entrando
no jornalismo de maneira insólita.
Comecei anamorar umamoça, que
conhecia um secretário de jornal,
chamado Roberto Pompeu de
Souza, e ele acolheu o
pedidodelaparame receber. Foi no
então novo
DiárioCarioca
.
JR–O
DiárioCarioca
eraum jornal
para a frente.
AN–O
slogan
do
DiárioCarioca
era
muito interessante.Comoerapeque-
no, comparadoaosoutros, doponto
de vista damassa de informação, o
slogan
deleera: “
DiárioCarioca
–o
máximode jornal nomínimodees-
paço”. Então, nós tínhamos que
ser concisos na nossa lingua-
gem. E fui admitido e
comecei no esporte.
JR –Emque ano foi isso?
AN – Foi em 1950, às vésperas da
CopadoMundo.Entrei pelaportado
esporte porque foi a única que se
abriuparamim.Vivia-seumclimade
euforia com a realização da Copa
aqui. OPompeu de Souza fez uma
pergunta, que está incorporada ao
meu folclore pessoal. Ele disse:
“Muitobem.Vocêquerser jornalista.
Oquevocêsabe fazerem jornal?”E
eu: “Para lheser franco,nãosei fazer
nada”. Ele: “Então, você vai para o
esporte”.
JR – Em 1950, ser jornalista
esportivo era trabalhar em jornal
e revista. Ouo rádio, não é?
AN –E eu tentei muito o rádio…
JR – Em 50, havia grandes
locutores esportivos.
AN – Sim. O que me fascinou no
rádionão foi nemoesporte,embora,
noAcre, jáacompanhasseoesporte
pelo rádio. Mas – no final dos anos
40ecomeçodos50–agrande força
de atração que o Rio de Janeiro
exerciasobreoBrasil eraatravésda
RádioNacional.
JR –Você chegou a trabalhar lá?
AN – Não. O rádio não me deu
oportunidade.Bemqueeuquis,mas
eu erameio gago.
JR – E também devia ter um
sotaque, naquela época. E o que
vigoravaeraamaneiracariocade
falar, comooCésar Ladeira.
AN–Edepoisprevaleceriaosotaque
gaúcho, porque eles invadiram o
esporte, demodogeral, comaquela
sonoridademaravilhosa na voz.
JR–AdupladaRádioNacionalera
Antonio Cordeiro e Jorge Cury.
“ChamávamosoJB
de ‘jornaldas
cozinheiras’,por
cozinheiras’,por
causados
classificadosna
primeirapágina.”
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