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REV I STA DA ESPM–
J A N E I RO
/
F E V E R E I R O
D E
2006
FG
– A internet já é importante no
Brasil. Os dados que tenho para
2004 são de que o faturamento
publicitáriona internet chegouaR$
175milhões.
THOMAZ
– Para mim, ainda não
chegou a números realmente ex-
pressivos. No Brasil, a taxa de
crescimento é pequena, mas –
quandoolho lá fora – vejoque não
é. E não acho que a internet seja
inimiga; pelo contrário. Se souber-
mos usar direito, é um comple-
mentador do que nós, editores de
revistas e jornais, fazemos no aten-
dimento ao nosso leitor.
JR
–Há15anos eu fui entrevistado
pela revista
Propaganda
– e o re-
pórterachouqueeueraumapessoa
bem informada, porque eu disse a
eleque lia, regularmente, 40 títulos
diferentes de publicações. Ele
publicouque eu lia40publicações
por dia.
THOMAZ
– Você não é só uma
pessoa bem informada; mas é do-
tado de uma rapidez de leitura
fantástica!
JR
– Claro que eu me referia a tí-
tulos/mês, entre jornais deSPeRio,
publicações especializadas, revis-
tas semanais, mensais, e rapida-
mente você chegava a 30 ou 40.
Hoje, praticamente, não leio
ne-
nhuma
publicação regularmente,
nemmesmo jornal. A única coisa
à qual continuo fiel chama-se
The
Economist
, é quase um vício. Che-
guei à conclusão de que isso acon-
tece porque o computador está
ligado, em cima daminhamesa, a
internet está lá e vou em busca das
informações que preciso. Continuo
precisando de informação, mas
agora sou euque tomo a iniciativa.
Então,douumaolhadano
TheNew
YorkTimes
,no
LeMonde
ounaUol,
ou na
Veja
. Matematicamente, al-
guém que lia 40 hoje só lê 5 ou 6.
Isso tem alguma coisa a ver com o
comportamento das pessoas nor-
mais – ou eu sou anormal?
THOMAZ
– Acho você mais nor-
mal do que nunca. Em um seminá-
rio em Harvard, o Juan Giner fez
uma apresentação onde mostrava
que há 10 anos um americanomé-
dio lia um jornal em 20 minutos –
usava 20minutos para folhear e se
informar. Eu não leio mais nenhu-
ma revista; procuro nas revistas
coisas queme interessam. Quer di-
zer, eu genérico tomei o papel do
editor. Daí a minha tese da perso-
nalização. Muitas pessoas, com as
quais falo, fazem a mesma coisa.
Não conheço ninguém – fora você
– que leia
The Economist
inteiro.
Estava conversando com um con-
sultor americano e perguntei-lhe o
que lia. Ele disse:
The Economist
.
Perguntei quanto. E ele respondeu:
uns 70%. Maravilha! Eu não leio;
vou buscar coisas que me interes-
sam, senão não dou conta.
JR
–Mas você, na sua sala de edi-
tor de uma grande empresa, estala
os dedos e as revistas vêm a você
– ou boa parte delas.
THOMAZ
– Boa parte, sim. Mas
assino
The Economist
, o
Times
, a
maior revistadomundo,que secha-
ma
Gourmet
.Você vê que são inte-
resses bem diferentes. Eu procuro
coisaspara ler,porqueanotíciaque
eu costumava buscar em jornal
agoraexplodena teladomeucom-
putador – não sei de quanto em
quanto tempo – e me diz tudo o
que está acontecendo. E se corre a
barra, sabe-se de tudo até ontem.
Sempredigoquegeneralizar éanti-
jornalístico. Mas, para entender os
movimentos, é preciso generalizar.
Acho que a tendência é as pessoas
passaremmais tempo
on-line
doque
com papel. Em questão de infor-
mação e notícia, isso é claro.
FG
– E os veículos eletrônicos –
televisão, rádio, TV por assinatura?
Quepapel terãonessenovomundo?
THOMAZ
–Achoquevão seaper-
feiçoar. Eu sei mais pelo rádio do
quepelo jornal. Seouçoonoticiário
do rádioàs 20horas, aprimeirapá-
ginados jornaisdodia seguinteestá
feita – dificilmente acontecerá
mais alguma coisa. A característica
do rádio como veículo de informa-
ção em tempo real reforçou-se,
muito, nosúltimos anos.Não tenho
nenhuma indicação numérica ou
estatística de que o consumo de
horas de rádio diminuiu.
FG
– Se as verbas publicitárias es-
tãocrescendo, no rádioenaTV, sig-
nifica que, no mínimo, não está
caindo o número de horas.
“AWAL-MARTÉHOJEAMAIORREDE
DEVAREJOELETRÔNICADOSESTADOSUNIDOS.”
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