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REV I STA DA ESPM–
J A N E I RO
/
F E V E R E I R O
D E
2006
varejo digital vendeu cerca de R$
9,8 bilhões. Isso equivale ao
faturamentodegrandesgrupos,como
o Wal-Mart; o Carrefour fatura um
poucomais. O varejo digital é hoje
o terceiroouquartomaior vendedor
do varejo no Brasil.
JR
–Mas o que atropela os homens
de propaganda mais tradicionais é
que, como eles cresceram e viveram
amaior parte da sua vida na era de
ourodamídia – rádio, televisão, jor-
nal, revista –, eles estão diante de
algo novo, que não é mídia. Quan-
do você fala que vende R$ 10 bi-
lhões, isso não é mídia; é dis-
tribuição. Claro que um pouco de
mídia também, em algummomen-
to, o consumidor foi levado a com-
prar no
site
...
THOMAZ
– Seguramente, o hábito
de adicionar www em qualquer
anúncio de qualquer padaria foi um
hábito que veio – espero eu – pela
mídia. Agora, achoqueousoque se
faz disso poderá ser uma nova era
de ouroda propaganda.
JR
– Por que não? Acho que perde-
mos um pouco nessa nossa ansie-
dade. Estamos em uma escola, você
em uma grande editora que tem de
tomar decisões sérias. Mas, na ver-
dade, se olharmos a história da
comunicaçãohumana,quecomeçou
há cinco mil anos com a invenção
daescrita,passam-se4.500anossem
nada; aí aparece algo chamado
imprensa e leva 300 anos para que
surjamanúncios.Aí vemumnegócio
chamado rádio e as pessoas
aprendem mais rápido, e rádio e
televisão, juntos, não têm 100 anos.
THOMAZ
– Só que a internet não
tem nem 15...
JR
– Está-se exigindo de uma ge-
ração – nossos alunos, jovens profis-
sionais – que sejam capazes de
persuadir, informar, divertir, num
meioaindamuitonovo.Seráquenão
é umpouco cedo?
THOMAZ
– Não é, porque o con-
sumidor já está fazendo isso, e não
podemos ficar atrás do consumidor.
JR
– O consumidor está fazendo o
quê?
THOMAZ
–Comprando
on-line
R$
10 bilhões, no sentido de pro-
paganda. O crescimento disso é es-
pantoso e não podemos ficar a re-
boque. A propaganda tem de rein-
ventar-se no sentido de usar amídia
eletrônica.
JR
–Você está me lembrando que
oDe Simoni – umdos pioneiros da
promoçãonoBrasil –quediziaque
a promoção funcionava melhor
quando se fazia a “propaganda da
promoção”que,naquelaépoca, era
umconceitonovo.Decerta forma,
você também está dizendo isso.
Que você vê luz no fim do túnel,
para esses profissionais que se
acostumaram com o rádio, tele-
visão, mídias tradicionais, de em-
barcaremnonovoprocesso e con-
tribuir para essa comunicação per-
suasiva. Seria isso?
THOMAZ
– Sim. Se pegarmos a
revista
Veja
, verificaremos uma gran-
de quantidade de anúncio que não
colocammais só o
home site
, e já
dizem alguma coisa amais que nos
leva ao
site
. Dar o endereço do
site
é muito pouco como apelo. Agora,
se digo: “Veja no
site
as ofertas
especiais...”
JR
– A revista
Veja
desta semana
está-me convidando para ir ao
site
da revista e responder a uma pes-
quisa e me candidatar a ganhar um
automóvel. O que eles querem, na
verdade, é que eu responda à
pesquisa.
FG
– Mas estão lhe persuadindo a
isso.
THOMAZ
– Mas isso já se fazia
antes, não é questão de internet.
Sempre se fez, encartado na revis-
ta. Sóqueagoraémais rápido.Anti-
gamente tinha que preencher um
questionário, dobrá-lo, colocá-lo
num envelope, postar, selar eman-
dar. Hoje, usa-se o teclado e
pronto.
FG
– Na sua palestra, em nosso se-
minário, anotei várias frases suas e
uma em particular: “O celular está
se preparando para passar uma
rasteira na televisão”.
THOMAZ
–Oquequis dizer éque
ninguém imaginavahá3 anos queo
celular faria tudo o que faz. Um
“TENHOCOMPLEXODECULPAQUANDOCOMPAROMEUS
HÁBITOSDEMÍDIADEHOJECOMOSDE10ANOSATRÁS.”
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