Janeiro_2006 - page 12

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vista
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REV I STA DA ESPM–
J A N E I RO
/
F E V E R E I R O
D E
2006
de uma revista, artigos da revista.
Como o
zine o
, esse
software
americano, em que você folheia a
revista. Nada impede que ele seja
televisão e que eu assista ao jornal,
filme, tire fotos. Tecnicamente, é
impossível.
FG
– É um veículo individual,
destinado a informar a alguém em
particular. Isso não vai mexer com
os hábitos de hoje? A família as-
sistindo, junto, a televisão, por
exemplo.
THOMAZ
– Isso é outra coisa. Re-
vista e jornal hoje já são assim.
Guardo o que eu quero ler; não
preciso procurar em 40 revistas ou
jornais; vejo tudo aqui. Talvez este
sejaumacaminhodesta roda. Já tem
o
globber
,umaparelhopequenoque
já faz isso – recebe
e-mails
inteiros.
Achoqueumobjetodesses será tudo
como o celular já é quase. Agora,
vai entrar televisão no celular; a
menina que não desliga nem para
dormir, as chances de que ela venha
apegar uma revistaouum jornal, na
mão, são cada vezmenores.
JR
– Será que podemos falar um
pouco de conteúdo? Estamos dando
essa ênfase na tecnologia, no
chip
...
E o que vai lá dentro? Quem é que
vai, daqui para frente, continuar
produzindo, criando, escrevendo?
FG
– Talvez uma pergunta a mais:
quemvaipagaressepessoal?Porque,
na estrutura de hoje, tudo é
financiado pela propaganda e pela
venda avulsa de uma infinidade de
veículos diferentes. No cenário que
você está descrevendo não vejo
comoessas receitasvãoserauferidas.
THOMAZ
–Respondendoprimeiro
ao J. Roberto. O conteúdo acho que
não muda nada. Os editores é que
vão ser diferentes.Nessaoferta, cada
vezmais avassaladora de conteúdo,
esperto vai ser aquele que conseguir
dar uma forma de análise de
contexto, pesquisar direito. Quem
ajudaroconsumidordiantede tantas
possibilidades será o vencedor do
futuro. E serãoeditores comonós.As
informações continuarão a ser
garimpadas por repórteres. Haverá
repórteres atrás deboas histórias que
vão aparecer aqui ou no papel,
porque acho que o papel continua
por algum tempo.
JR
– Como haverá produtores de
entretenimento e diversão de boa
qualidade, tecnicamente bem feito.
THOMAZ
–Para sempre. Esse
tablet
pode ser uma televisão a cabo, um
livro... O Gracioso pergunta quem
paga a farra. Como sabemos, o
negócio de a internet ter nascido
gratuita foi um grave erro. Tem um
editor sueco–Bonnier –quedesdeo
primeiro momento cobrou. E dizia:
“Desculpem, mas vocês cometeram
um erro crasso que eu não cometi;
cobrei desde o primeiromomento”.
Acho que a conta vai passar para o
leitore–daquiaalgunsanos–vamos
vender um pacote de serviço. Não
vamos vender nem a assinatura de
uma revista, nemum serviço
on-line.
Pode até ser, mas, se soubermos
construir este pacote, é isso que
vamos vender e interessa mais
quanto se está pagando pelo jornal,
quanto pela revista ou pelo uso do
site
. Estou recebendoumpacoteque
me completa e é o que eu preciso.
FG
– Entretenimento, informação...
THOMAZ
– Eu chamaria isso de
atualidade. O entretenimento, não
sei. No caso de veículos impressos
em especial. Pode ser rádio. A rádio
Eldorado diz: “Estamos fazendo isso
e aquilo, e se você quiser mais, vá
ao
.” Ela
já está estendendo o pacote dela
para o
on-line
. No caso dela, quem
pagaéoanunciante;nonosso,quem
paga é o leitor. Achoque o leitor vai
ser o feliz proprietáriode uma conta
maior. Daí a necessidade de, cada
vez mais, relevância e qualidade.
JR
–Você não acha que isso pode
significar uma passagem abrupta de
um setor da economia para outro?
Daria o exemplo de três grandes
empresas que estão enfrentando
dificuldades: a IBM,maisantiga, teve
de adaptar-se a uma série de coisas,
praticamente mudou de ramo; a
Xerox parece que não tem volta; e,
agora mais recente, a GM, que são
modelos de organizações –modelos
arquetípicos. Havia uma indústria
automobilística, uma de computa-
dores, umade cópias enãohámais.
Estãomudando de tal forma, que se
alteram totalmente. A
Google
está
ameaçandocopiar todos os livros de
todas as bibliotecas existentes no
“AMENINADE16ANOSDECLAROUQUENÃO
DESLIGAOCELULARNEMQUANDODORME.”
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