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J U L H O
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A G O S T O
D E
2 0 0 3 – R E V I S T A D A E S P M
yw
34diferentes universidades, cursan-
do22diferentes tiposdegraduação.
É um trabalho voluntário que faço,
comoutros executivos, paraaAsso-
ciaçãoBrasileiradeRecursosHuma-
nos. O tema que escolhemos para
esses jovens –quevieramde6esta-
dosdiferentes – foi a inclusãodo jo-
vemnomundode trabalho.Umadas
coisasque foidiscutida foi justamente
o empreendedorismo. Esses jovens
tendem a pensar em emprego, em
quererumaoportunidadenaempre-
sa. Como vejo o fenômeno do
empreendedorismo?Creioquepode
havermelhoria,mudandooenfoque.
Em vez de dizer a ele: “Vai lá, seja
umbomalunoqueestarãoàsuapro-
cura”, umaalternativaédizer ao jo-
vemque seja empreendedor da sua
marcapessoal.Nadanessemundoé
mais importante do que a minha
marca “Nelson Junque”. Se eu não
cuidar dessa marca que recebi ao
nascer, ela morrerá, antes que eu
morra, fisicamente. E isso, normal-
mente, não é enfatizado, porque os
objetivos estão voltados para “con-
seguirumemprego”. Seeu fosseum
educador, tentariaensinaraspessoas
apreservar a suamarca, acuidarem
dela, constantemente.
GRACIOSO
–
Talvez, o que o
Mariaca chama de gerenciar a pró-
priacarreira.
FÁTIMA
–
Muitas vezes, os alunos
querem trabalhar numa empresa,
sempararparapensar–equestionar
– osreais objetivosdevidaque têm.
Quando o Nelson fala de marca,
acho fundamental,masháumaper-
gunta anterior, que é “Quais são os
meus objetivos de vida? Como vou
poder fazerdiferençanessemundo?
Que significado encontro a cada si-
tuação em que eume colocar?Vou
ser estagiário de Administração ou
Comunicaçãoparaquê?Comopre-
tendo colocar aminhamarca?”No
nossopós-graduação,háumamaté-
riachamada“Fatorhumanocomodi-
ferencialcompetitivo”,ondeumdos
aspectos importantes édiscutir com
osalunosquaissãoosseusobjetivos.
O que eles querem, para que que-
rem.Aí discute-seoque se entende
por sucesso. Sucesso é ter dinheiro,
é ter coisasoué ser?Tudo issoé im-
portante porque cabe à universida-
dediscutirqualosignificadodecada
coisa, de cada cargo. O porquê de
ele ser gerente, de ser um diretor, o
asquemais geramempregos. Eaí se
falou da questão da autonomia. E
grandepartedesta inovação ficapor
conta do próprio empregado. São
poucasasempresasque têmum tipo
deprogramade inovação.
MARIACA
–
Por isso,nós, educado-
resouexecutivos, temosqueensinar
a responsabilidade de gerenciar a
própria carreira. Antigamente, dava
paraolharparacimaeperguntar:“O
queaempresavai fazer paramim?”
Mas só cargos empresariais, porque
omédico nunca fez isso, o dentista
nunca fez isso. São as profissões
autônomas. Porquehá tantosdiplo-
mas na parede do consultório do
médico? Porque ele sempre esteve
numa profissão de mudança muito
rápidade tecnologiaeele tinhaque
semanteratualizado. Issoestácome-
çandoaacontecer conosco, funcio-
nários deempresas, comnossos cli-
entes enossos alunos.Antigamente,
você se formava, guardava o diplo-
ma (os norte-americanos penduram
na parede; aqui se enrola e guarda.
Diferença cultural). Mas, com esse
diploma,aempresaboacuidavadas
nossas carreiras. Empresasboas ain-
da fazem isso,porém,opróprioalu-
noprecisaaprenderagerenciarasua
carreira. Se a empresa não tem, por
hábito, ou chefe não gosta de fazer
uma avaliação de desempenho, ele
podeedevepedir.Devedizer:“Che-
fe, faça-meum favor?Gostariade re-
visar asminhas principais responsa-
bilidadesdesdequeentrei.Estouaqui
há13meses;não tenhoum
feedback
muito exato. Dê-me quinze minu-
tos?” E fazer anotações, mandar e-
mail, confirmando.
JRWP
–
O subordinado é que deve
propor issoao seu superior?
MARIACA
–
Sim.Umaboaempresa
deveria terumasduashoraspor ano
“Muitas
pessoas
escolhemo
empregopelo
nome da
empresa.”
porquê de ele querer ser um presi-
dente, ou ser um técnico. Às vezes,
oconteúdoépassadosemqueosig-
nificado de cada coisa seja clarea-
do.Umadiscussão importanteédis-
cutir amissão de vida das pessoas.
Fica simples falar emcarreiras, pen-
sando na carreira quemeu pai fez.
Acaba acontecendoo “vou seguir a
carreiradomeupai”ou,então, “vou
fazer aquiloquemeus pais esperam
queeu faça”. Éumapena, pois aca-
boencontrando,nocursodepós-gra-
duação, gente que chega aos 40
anos, dizendo: “Estou fazendo algo
queodeio.Mas estounumacarreira
ecomodáparavoltar?”
SÉRGIO
–
O empregado deve ser
empreendedor, tambémporquegran-
departedas pequenas empresas são
EMPREGO& EMPREGABILIDADE