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R E V I S T A D A E S P M –
J U L H O
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A G O S T O
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emcomercialização.Asatividades fi-
nanceiras, jurídicas, de RH, infor-
mática–quesãoasmais tradicionais
equepoderãopassar por processos
de terceirização ou de prestaçãode
serviços– seelas tiverempessoasque
fazem aconselhamentos e orientam
esses indivíduos, pois o mundo do
trabalhonãoestá restritoàempresa,
avidavai sermelhor.
GRACIOSO
–
Curiosamente, Nel-
son, nossas leis trabalhistas estão to-
talmenteemdesacordocomessa ten-
dência.Comoéquenomundo real,
napráticabrasileiraestãoconseguin-
do conciliar as duas coisas? Porque
o INSS, oFGTSeoutrosorganismos
que se julgam com direito às suas
partes estão atentos, para entrar em
cena sempre que há alguma coisa
diferenteacontecendo.
JRWP
–
Até considerando, ilegal,
essas estruturas como a que você
descreveu.
FÁTIMA
–
É ilegal.Qualquer pessoa
que trabalha lápode saireprocessar.
GRACIOSO
–
Como uma empre-
sa pode enfrentar a lei se 90% de
seus funcionários não têm vínculo
trabalhista?
MARIACA
–
Eume orgulho de ser
partedeumaempresade50 funcio-
náriose ter50 registradoscom todos
os impostos e carteiras assinadas.
Mas, acredito,que somosumaaber-
raçãoequero...
MARIA TERESA
–
AAbril também
estánessa situação.
MARIACA
–
AAbrilémuitogrande.
Estou falando de empresa com 50
pessoasque fazem isso, éumaaber-
ração. Certamente, muitas outras
empresas de consultoria têm bicos,
novosconhecimentos.Comoensiná-los?
MARIACA
–
Achoqueaescolapre-
cisaensinar uma sériedepráticas e,
às vezes, isso não acontece. Por
exemplo,umengenheiroestudando
noMBA;deiaula–aconvitedoprof.
Júlio – noMBA que vocês têm, em
parceriacomo ITA,eachoumamis-
tura maravilhosa. Foi uma das me-
lhores aulas das quais participei na
vida.UmengenheirocomumMBA,
há muito anos, é considerado uma
mistura ideal porque o engenheiro
aprendeaaprender –éumapeneira
de inteligênciaacadêmicamuitoboa
–eoMBA lhedá,emumanoemeio,
dois anos, demaneira concentrada,
tudooqueacontecedentrodeuma
empresa. Eengenheiros nãoperma-
necem engenheirando. Posso
prepará-los para serem cientistas,
gerentes oudonos deempresas.
JRWP
–
Issonãoseriaverdade,hoje,
em todas as profissões?
MARIACA
–
Oqueestoudizendoé
queistoéaltamenteprático.UmMBA
nãodeveriaadmitir formandosrecen-
tes. UmMBAdeHarvard,Wharton,
só aceita profissionais que tenham
tido, pelomenos, cinco anos de su-
cesso, chegando a um cargo quase
que de direção para ser aceito. Por-
que essa é umamaneira de garantir
que vai haver um comportamento
práticoevai atualizarumdesafio.
JRWP
–
Mas quando você fala de
Wharton, está falando de um pe-
queno percentual e, hoje, a socie-
dadedoconhecimentoestáem to-
dos os níveis.
FÁTIMA
–
Acredito que nós, como
professores, deveríamos, cada vez
mais, incentivar os alunos a pensar,
pequisar e fazer o que oNelson fa-
lou, que acho importante. Hoje em
“A
empregabilidade
está associada
ao preparo
constante e
contínuo.”
informais, contato, por fora etc. O
“como”noBrasil grandeéabsoluta-
mente conhecido e palpável: é bur-
landoa lei.Écomonosanosdaproi-
biçãono EstadosUnidos. Era ilegal,
mas todos bebiam.
JRWP
–
O Jefferson disse que: “se
uma leié injusta,oscidadãosdevem
derrubá-la”. Foi láquenasceuade-
sobediênciacivil.
MARIACA
–
Achoqueéumaques-
tãode tempo.Evaiacontecerde for-
ma natural. Há exceções e novos
adendos, até porque, para criar 10
milhões de empregos, facilmente,
hoje bastaria admitir 10milhões de
pessoas que trabalham para os go-
vernos federal eestadual “por fora”.
JRWP
–
Gostaria de propor mais
um tema. Há algum tempo, vive-
mos a “sociedadedoconhecimen-
to”. A escola é fonte de conheci-
mento. Como é que vocês vêem o
papel da educação continuada?
Será que nós, escolas, estamos fa-
zendo a nossa parte?
GRACIOSO
–
Sabemos que há
uma polêmica, não só no Brasil,
como no mundo, em que se
questiona o papel dos MBAs, dos
cursos de pós-graduação...
JRWP
–
TodomundojátemMBA,mas
oconhecimentocontinuaevoluindo,há
Mesa redonda