Roberto
Civita
117
julho
/
agosto
d e
2 0 0 6 – Revista da ESPM
Brasil afora. Muitos dos que vêm a
este palco para ser homenageados
pelo bom desempenho que vêm
tendo – inclusiveno exterior – cons-
tituemumaprovaeloqüentedeque
temos condições de competir inter-
nacionalmente. A segunda razão é
que, analisado sobumaperspectiva
histórica, opaís temmelhorado sig-
nificativamente, especialmente na
últimadécada. Jánão temosmaisos
80% de inflação aomês, já não se
trocademoedacomonopassadoe
–aoque tudo indica–não semuda
mais o caminho de bom-senso e
equilíbrio adotado na condução da
políticaeconômica.OBrasildehoje
éoBrasil da lei da responsabilidade
fiscal eopaís com97%decrianças
na escola. O que temos de fazer é
avançar mais nesse bom caminho.
Isto significa perseverar na tarefa
inicialmente ingrata –mas amédio
prazoextraordinariamentecompen-
sadora – de remoção de obstáculos
aodesenvolvimentoeconômicopara
permitirqueaenergiaeacompetên-
ciados brasileiros façamo resto.
Há conquistas, na história de uma
nação, quenão são vitórias desteou
daquele governo. São conquistas de
umpovo.Todos os países que arran-
caram nos últimos anos entenderam
que, independentemente de quem
estánopoder,éprecisoconstruiruma
agendaacimadasdiferençaspolíticas
domomento.Precisamosestabelecer
umconjuntodeprioridadesque seja
umcompromissopermanentedeEs-
tado–enãodesteoudaquelepartido
durante esteou aquelemandato. Foi
assimna Espanha, naCoréia do Sul,
na Irlandaenumpunhadodeoutros
países. Assim pode e deve ser no
Brasil também. É sóquerer. Pois está
demonstradoquedápara fazer.
ES
PM
global ouaeternacondiçãodepaís
emdesenvolvimento.
Opotencial para dar esse salto exis
te – e a Abril já está fazendo a sua
parte. Emparceriacomaconsultoria
Mckinsey, finalizamos recentemente
um grande estudo que indica os
caminhospara remover asprincipais
barreiras ao crescimento brasileiro.
Trata-se de um dos mais completos
diagnósticos de nossa economia já
realizados, um trabalho que espe-
ramos seja estudado e aproveitado
pelos postulantes à presidência da
República, aos governos de Estado e
aoCongressoNacional.Um resumo
deste estudo foi publicado no ano
passado em
Veja
e, nos próximos
meses, vamos apresentá-lo, em de-
talhe,emcincoediçõesconsecutivas
de
Exame
. Em resumo, a conclusão
nada surpreendentedesteextenso le-
vantamentoéque, paracompetir em
igualdade de condições com nossos
concorrentes,oBrasilprecisamelhorara
suaeficiênciaemumamploconjunto
de fatores –aqualidadedos serviços
públicos; oaperto tributárioque leva
à informalidade; a estabilidade na
condução da economia (commais
crédito e menos imprevisibilidade),
e investimentosem infra-estrutura.O
Brasil precisa reduzir impostos. Precisa
exportarmais.E temde tratarmelhoros
seusempresáriose,conseqüentemente,
seuscidadãos.Pois–aocontráriodoque
pensamosrenitentesdanossaesquerda
–olucrodasempresassignificatambém
mais conforto emelhores perspectivas
de vida paramilhões de cidadãos em
todoopaís.
O estudo da Mckinsey tem ainda
outro grande mérito. Ele mensura
o prejuízo que a inação, nessas
áreas, trazàeconomiabrasileira.De
acordo com este trabalho, pode-
ríamos triplicar o PIB nacional
se removêssemos essas barreiras.
Poderíamos crescer como a Índia
ou quase como a China, países que
monopolizam as atenções mundiais
nos últimos tempos como modelos
de sucesso. Como sabem, estamos
perdendo (e por uma boa distância)
a corrida para outras nações con-
sideradas emergentes. Eis alguns
dados que ilustram isso. Em1996, o
Brasil atraiu 20% dos investimentos
externosdiretosque foramdestinados
aos países que compõem os cha-
mados BRICs (Brasil, Rússia, Índia e
China). Em2000, chegamospertode
45%do total investido. No anopas-
sado, nossa participação nesse bolo
caiu para 13%. Por quê? Porque o
capital, o dinheiro, tem reações que
fazem lembrar adeum cachorro. Se
bem tratado,elevem, lambesuamão
e o afaga. Caso contrário, foge em
disparada.
Felizmente ainda não é tarde demais.
Tenho a convicção de que, com a
adoção de menos de meia dúzia de
medidas fundamentais, nosso país
conseguirá soltar as amarras que têm
atrasadooseudesenvolvimento.Livres
da burocracia desnecessária, da infor-
malidadequeresultadocustoexcessivo
das exigências existentes, de desvios
macroeconômicos e com um Estado
maisenxuto,poderemoscrescerataxas
condizentes com um país que deseja
ser grande não apenas na geografia,
mas também em poder econômico e
desenvolvimentosocial.
Meu otimismo se baseia em duas
razões. A primeira é a que carac-
terizaa festadasmelhoresemaiores.
Apesar de todas as dificuldades, há
magníficos exemplos de sucesso