Ilan
Avrichi
55
julho
/
agosto
d e
2 0 0 6 – Revista da ESPM
Para os que se tranqüilizam com a
idéiadequeocrescimentochinês é
baseado quase que exclusivamente
em vantagens comparativas, princi-
palmente mão-de-obra abundante,
disciplinada e barata, o Dr. Steth
trouxe dados inquietantes sobre
o aumento da participação dos
produtos de alto valor agregado na
pauta de exportação chinesa. Um
relatório recente doDeutsche Bank
mostraqueasexportaçõesdeprodu-
tos de alto valor agregado, como
equipamentode telecomunicações,
software
, máquinas, equipamentos
eletrônicosepeçasparaautomóveis
cresceramem2005entre30e150%,
e vão continuar a fazê-lo a taxas de
30a40%aoanopelospróximos3a
5anos.Numvastoespectrodebens
intermediários e de equipamentos,
aChina temhoje um saldopositivo
no seu balanço de pagamentos. O
número de centros de pesquisa de
empresas estrangeiras passou de
zero, há uma década, paramais de
setecentosem2005. Emuma
survey
feita pela Conferência das Nações
Unidas Sobre Comércio e Desen-
volvimento UNCTAD, em 2005, a
China aparece em primeiro lugar
entreos países emque corporações
multinacionais vão abrir centros de
pesquisa e desenvolvimento.
AChina
nãovai.
Dados igualmente
objetivos
Apesar de a expansão econômica
ter resgatado cerca de 200milhões
dechinesesdacondiçãodepobreza
absolutadesdeo iníciodas reformas
econômicas, amaioria das estatísti-
cas coincide em apontar que outros
100 milhões ainda vivem nessas
condições. Pior, junto como cresci-
mento econômico está ocorrendo
uma concentração forte e rápida da
renda. Segundoos professores John
Knight eLinaSong, daUniversidade
deOxford, o ÍndiceGini
1
da China
passou de 22,9% em 1988 para
30,7% em 1995. Uma versão pre-
liminardo relatóriosobredesenvolvi-
mentoeconômicode2006doBanco
Mundial eoutras fontes indicamque
este índice já teriaultrapassado40%
ealgunsestimamqueestá seaproxi-
mandode50%.Gráfico 2.
Umadiscussão típicadaspolêmicas
sobreaChina sedeunocongressoa
respeitoda relevânciae impactodo
fenômenodos investimentosdiretos
no exterior (IDE) daquele país. En-
quantooconceituadíssimoprofessor
Oded Shankar do Fischer College
of Business, da Universidade de
Ohio, estima que esses investimen-
tos estejam ocorrendo ao ritmo de
US$9bilhões aoano, onãomenos
prestigiadoBernardYeung, da Stern
School of Economics da Univer-
sidade de Nova Iorque, calcula o
valor efetivodo IDE chinês emUS$
2,5bilhões/ano.Alémdisto,muitos
destes investimentosestariam sendo
mal feitos, sob pressão do governo
chinês, que não teria interesse na
distribuiçãodedividendosporparte
dasempresas lucrativaseasestimu-
laria a buscar negócios no exterior
paraaplicar seusexcedentes.Apro-
fessoraMarjorie Lyles, daUniversi-
dadede Indiana, apresentouocaso
daTCL,maior fabricantechinesade
televisores,quecomprouocontrole
acionário da Thomson francesa,
detentora, entre outras, da marca
RCA. A empresa chinesa estaria in-
correndo em prejuízos de centenas
de milhões de dólares por ano por
ter, entreoutrascoisas, subestimado
a importância que os problemas de
Um estudo daBooz Allen
Hamilton aponta que, em
1990, apenas 3,4% dos
centros de pesquisa de
multinacionais estavam
localizados naChina e
Índia. Este número saltou
para 13,9% em2004 e
deve chegar a 31%no
final de 2007.
F
Evoluçãodo
ÍndiceGininaChina.
15
20
25
30
35
40
1980
1985
1990
1995
2000
Fonte:Versão preliminar doWorldDevelopment Report de 2006, BancoMundial.
Nacional
Rural
Urbana
Gráfico 2