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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
ente – que são as estatais ou omi-
nistério – tem o poder de decisão.
Seeupudesse reformularosistema,
faria uma secretaria – o nome que
teria não é importante –, uma área
de comunicação onde houvesse a
possibilidadede ter odeltadospro-
jetos. Quer dizer, onde haveria
0,001%deumprojeto, sejaqual fos-
se?Comunicaressesprojetos–que
seriagratificanteparanóscidadãos;
não é fazer política. É o resultado
prático do projeto executado. Isso
não existe até hoje.
JR – E o que fazer? Há quanto
tempo você estána secretaria?
Alex –Há quase dois anos.
JR – Você está, agora, num final
de governo e acho que você dei-
xoubemclaroqueapreocupação
da comunicação de um governo
deve ser com idéias e valores, e
nãocompessoaseaçõesespecí-
ficas. O que fazer para dar conti-
nuidade a esse trabalho?
Alex–Nisso, oGracioso tem razão.
O presidente pode sugerir ao Con-
gresso. Mas cabe ao Congresso
umadecisãodessaouumaaprova-
çãodeumplano, paraquesejapos-
sível estabelecer valores, do que,
propriamente, de uma secretaria. A
secretaria pode sugerir, como fize-
mos. Quem mais rapidamente en-
tendeu isso foi osenadorSuassuna.
Aliás, a reunião foi nacasadele.Ele
entendeudeestaloessanecessida-
dedecomunicar osvaloresdascoi-
sas prontas e dos projetos úteis à
cidadania. Não é um feito político.
Outro dia, fiz a seguinte proposta.
Se oBrasil fosse uma pessoa, qual
seriaocurrículodessapessoa?Ex-
plica-me o Brasil. As informações
são fragmentadas; cada ministério
tempartedas informações.Eeupro-
curei reunir as informaçõesquedis-
sessem o que o Brasil é capaz de
ção das coisas saudáveis, no Bra-
sil, poderia nos ajudar a ter uma
melhor auto-estima. Isso, emais os
projetos. O presidente Fernando
Henriqueeaequipe fizeramum tra-
balhomaravilhoso, que foi baixar a
inflação. Por essa tarefa, já poderi-
am ir para casa, com todos nós ti-
randoo chapéu.Mas, adistribuição
de renda – que é uma pirâmide in-
justa–mal foi arranhada.Quempo-
deria fazer isso? Diria que precisa-
ríamos fazer uma campanha para
isso começar a acontecer. A come-
çarpelasnovelas,pelaGlóriaPerez.
JR–Achomuito interessanteessa
sugestão, mas continuo não ven-
do como é que podemos tornar
isso uma coisa profissional. Veja
bem. Você não vai ter sempre, na
secretariaenogoverno, umAlex;
uma Glória Perez na Globo. São
pessoasque, individualmente,de-
cidem isso. Como é que se
institucionaliza isso; como é que
se tornaesseprojetopermanente?
Alex – Torna, descobrindoqueo filão
dacoisaestáondeaGlóriaPerezestá.
FG–Talvez,oqueelequeiradizeré
como incutir essaconsciêncianos
homens que dirigem o país. Seria
através de um Conselho
institucionalizadodecomunicação?
Alex–Precisariaser.Oesquemade
hoje é o seguinte: a agênciaA, es-
colhida pelaPetrobras, faz as cam-
panhas da Petrobras e a Petrobras
aprovaascampanhasdaPetrobras.
Nota 10. Só que nenhum deles tem
visão de conjunto. A visão é da
Petrobras sobre aquela campanha.
A agência B faz as campanhas do
Banco do Brasil e o cliente Banco
do Brasil aprova a campanha. Ne-
nhumdeles temavisãodoconjunto
do país. A secretaria teria que ter a
obrigaçãodeveroconjunto.Masaí,
ela não tem verba.
“Nãoéquea
comunicação
piorou.Euacho
queaspessoas
eramdiferentes.”
“Acidade,sópor
,s
preconceito,
matouo japonêsa
paulada,opaide
umheróinorte-
americano.”
fazer como indivíduo. Tudo isso,
quando você conta, lá fora, a pes-
soa se surpreende. Como é que
essepaís temessasqualidades to-
das?Tantoquantonós trêsnossur-
preendemoscomacriseArgentina.
Eu estava naArgentina na semana
passada e, se você vê o que tem a
Argentina de bom, chega a se per-
guntar onde foi que eles erraram.
Com trigosobrando,petróleosobran-
do, com 34 milhões de pessoas
educadas, comuma capacidadede
escolaridademaiorqueanossa,não
sei quantasvezes.Comumpaís fá-
cil de governar porque é homogê-
neo. Então, ondeeleserraram?Foi
erro político; governo populista; al-
guémquequeria fazermaisdoque
podia. Nonosso caso, a comunica-