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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
que tinhaqueserprojetadoemcomo
é que se constrói um país. O cara
que vive lendo jornal está informa-
do. Mas tem aquelas pessoas que
moram na periferia e não sabem o
que acontece. É da família, mas é
excluído. A comunicação doente,
aquelaquepropagavaVargasécoi-
sa de idiota. A do Hitler é coisa de
louco. Estou falando de como você
falacomseus familiares, seus filhos.
Comoéque se constrói essaEsco-
la, sem comunicação? Você não
consegue. Você precisa avisar os
alunos sobre os projetos, quais são
as idéias novas, quanto essaEsco-
la está na frente em relação às de-
mais, quaissãoasperspectivasdos
alunos. Vocêprecisadeuma comu-
nicação e não uma “propaganda”,
com aquelas aspas pesadas. Essa
comunicação é o alicerce, o oxigê-
nio necessário para você estabele-
cer essa fluência, essa vivência da
cidadania. Senão, da-
tesmematam;meusamigosvãome
xingar”. No entanto, desgraçada-
mente ou não, é através de política
oxigenada que se faz uma cidada-
nia, um país. Ela tem dois lados: a
crítica necessária e o silêncio. E no
meio disso tem uma coisinha cha-
mada propaganda, às vezes, muito
malfeita. A propaganda das coisas
do governo – na suamaioria – não
édescuidada.Ultimamente–como
trabalho profissional de excelentes
agências – ela melhorou bastante.
Mas ficouaquele ranço.Hápessoas
queachamquepropagandadogover-
nonãoénecessária.Maseudiriaque
a comunicação dos projetos que o
país tem para fazer não é para falar
sóemépocadeeleição.
JR–Vou fazercomvocêumapro-
vocaçãoamigável.OcoronelOtá-
vio Costa – na época do regime
militar –montou um esquema do
qual tenho boas lembranças. Eu
era contra o governomilitar. Nós
achamosbomavoltadademocra-
cia. Mas tenhouma lembrançade
que era boa a comunicação. De-
pois veio o Figueiredo e nomeou
uma pessoa competente, o Said
Farhat comoministro da comuni-
cação. De lá para cá, acabaram
com o ministério e a impressão
quedáéque, como fimdo regime
militar e o iníciode uma nova de-
mocracia, acomunicaçãopiorou.
Alex–Éumavisão legítima. Sóque
deixa de ser provocação porque eu
tenhoa resposta.Essapergunta, eu
jáme fiz. Vamos lá, vamos dar no-
mes.ORubensLudwigeraumapes-
soa da qual a gente gostavamuito.
Foi ministro da educação. Ele con-
tou-meque foi dar umapalestraem
umaescolaeumasenhoraoaplau-
diu muito e, depois, disse a ele:
“Puxa!Quebeleza!OSr. nempare-
ce militar”. Ao general Rubens
Ludwig, nós perguntamos – o Átila
e eu – por que o governomilitar é
“Haviagenteque
dizia: ‘Exportar?
Deusme livre!Sóo
excedente.’Essa
exc
idioticevigoraaté
hoje.”
qui a pouco, vamos pensar que ci-
dadania se constrói porque alguém
faloualguma coisana televisão.Ou
uma ONG – com todo respeito às
ONGs–estáagoraorganizadapró-
cidadania. Precisa uma senhora –
semaspas–campanha, permanen-
te, para estarmos sabendo como é
que se constrói esse país. Infeliz-
mente, de vez em quando, a gente
se sente na mão de meia dúzia de
“político” coma credibilidade láem-
baixo e estamos reféns desse cida-
dão.Não temossequercoragemde
nos misturar para dizer: “Eu
também vou entrar na
política. Deus me
livre! Meus
paren-