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Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
comunicaçãonãopelo lado técnico-
produtivo; mas vê com o seu olho
político; vê com o seu olho clínico,
de pessoa que está acima do bem
edomal, comoestáopresidente.E
nós três vemos isso como uma fer-
ramenta, como uma possibilidade
de engraxar, oxigenar o sistema.
Nós temos oportunidadedeexperi-
mentar essa ferramenta– jáexperi-
mentamosemalgumascoisas.Eas
outras pessoas vêem isso como
elassãoenãocomoacoisaé.Não
sei seme explico.
JR – Vamos tentar dar um exem-
plo. Se estão criticando alguma
coisaqueopresidente fezouque
a imprensa noticiou. Se o
FernandoHenrique–coma força,
o poder da presença dele como
presidente– for à televisão, expli-
car diretamente ao povo, ele não
contribuirápara resolver,mais ra-
pidamente, um problema do go-
vernonaáreadecomunicação?
Alex–Seeleencontrasseeco.Exa-
tamente, esse mesmo presidente,
queestáaí háquaseoitoanos, tem
comomérito–entreoutrascoisas–
odedialogarcom todos;elenãobri-
ga
com
ninguém.
É
contemporizador. Na sua essência
democrática, ele é nota 10.
FG–Hoje, falávamosdopapeldo
Fernando Henrique como
comunicadorehouvequemocri-
ticasse.Naverdade, euachoque,
às vezes, não compreendemoso
presidente. Ele é, acima de tudo,
umsociólogoesabequepolítica
éumadecorrênciadasociedade;
quenãoavançaremos, jamais,no
campo da política no Brasil, en-
quantonão avançarmos também
comaestruturasocial, comano-
ção de cidadania e com o papel
quecadaumdenósdesempenha.
OBrasil éumestado,muitomais
do que uma nação. E acho que
não com-
preende-
mos
o
Fernando
Hen r i que
quando ele
fala como so-
ciólogo com
esse tipo de
preocupação.
Gostaria de fa-
zer-lhe uma ou-
tra pergunta. Na
sua opinião, qual
é o papel de al-
guém como você,
quando se chega
tãopertodaeleição
comohoje?
Alex –Qual é o papel de um profis-
sional?
FG – Não. Da própria secretaria.
Oqueacomunicaçãodapresidên-
cia deve ter emmente a poucos
mesesda eleição?
Alex –Asecretaria já teveograude
ministério, comoFarhat, eoAndrea
Matarazzo.Ela tem, aparentemente,
poderes,masnão temverba.Nãohá
dinheiro para tarefas específicas. O
mérito maior da secretaria é que,
hoje, ninguém compramídia no go-
vernoanão ser pelopreçonegocia-
do. Tudo é orientado pela secreta-
ria.Temosodepartamentodemídia,
que foi dirigidopeloPaeco. Depois,
com o Zé Rubens. E agora com o
próprioBobeoutros.Esseéum tra-
balho sério da secretaria. O outro
trabalhoéodeconduzir eorientar a
comunicação que as estatais e os
ministérios fazem. Mas, para essas
coisasqueestamosdiscutindoaqui
– não tem departamento. Não exis-
te issonogoverno.Éapartequeeu
digoquenão funciona, comoexiste
em outros governos. É “wishfull
thinking”. Nós estamos falando de
um sonho; de como seria se fosse.
Quando se faz alguma coisadepe-
queno porte – como a campanha
contra a droga, a campanha de va-
cinação–, asecretariaorientaaes-
colhadaagência,massempreocli-
“Umasenhora
aplaudiumuitoo
Generale,depois,
disseaele:"Puxa!
Quebeleza!OSr.
nemparece
militar".”