Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
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“Elascorremo
riscodeserem
forçadasapagar
pesadas
indenizaçõesàs
vítimasporseus
erros logísticos.”
emmadeira,quecustaramaproximada-
mente 10 vezes mais que a embalagem
depapelãooriginal.Acubagemerapra-
ticamente a mesma, de forma que a
quantidade transportada em cada via-
gem não se alterou. Cálculos grossei-
ros sugerem que esse investimento foi
integralmente recuperado em 11 ciclos
de transporte
1
.Areduçãodecustosob-
tida nesse e em outros processos per-
mitiuqueo fabricantedeSãoPaulome-
lhorasse consideravelmente suas mar-
gens.
Exemplo 2: Substituição de produ-
tosavariadosnovarejo– serviçoadici-
onal.
Nas grandes redes de supermerca-
dos é comum que alguns fabricantes
inspecionem diariamente as gôndolas
de exposição de produtos para retirar
da loja os produtos com embalagem
amassada, comvalidadevencidaouque
tenhamperdidocaracterísticasquepos-
sam comprometer a venda do produto
ou sua imagem junto ao consumidor.
Nopassado, estes custos eram trans-
feridos para o varejista que tentava
repassá-los aoatacadista e esteà indús-
tria,gerandoconflitoscomerciaisque im-
pediamo fluxonormaldenegócios,além
deencareceroprocesso.
A adoção da visão integrada de ne-
gócios e implementação de técnicas de
logística reversapermitiuqueosclientes
supermercadistas recebessem serviços
adicionaisdesimples trocaporpartedos
fabricantes.Muitos fabricantespassaram
aadministraraprópriaprateleiradoata-
cadista,repondoestoques,organizandoa
disposição dos produtos e fazendo pro-
moções nopróprioponto-de-venda.
2.3Outras
origens
Iniciativas de organizações não em-
presariais tambémpodemenvolverpro-
cessos de logística reversa, sem que o
objetivo esteja associado ao lucro ou à
busca de vantagens competitivas. O
exemplo seguinte apresenta um ângulo
diferente da logística reversa.
Exemplo 3: Soluções não empresa-
riais – doações.
Em15demarçode2002, o jornalO
EstadodeS.Paulopublicouumcurioso
artigo na página B10 (The Wall Street
JournalAméricas), assinadoporRachel
Zimmerman, intitulado
“Estudante dá
novo destino a drogas para aids”
. O
textomostra como o estudante doM. I.
T. (Massachussets InstituteofTecnology)
Sanjay Basu, americano de origem in-
diana, 21 anos, organizou uma rede
coletorademedicamentosanti-Aids en-
volvendo 26 farmácias em 18 Estados
americanos, paraajudahumanitáriaàs
vítimas destemal noHaiti.
Muitos estados americanos possuem
leisproibindoa reutilizaçãode remédios
uma vez que o paciente levou omedica-
mento para casa. Pílulas devolvidas de-
veriam supostamente ser destruídas. A
indústria farmacêutica paga por esse
serviço para empresas que se especi-
alizaram no recolhimento e destruição
deremédiosdevolvidosouvencidos. Isso
faz com quemilhões de doses sejam jo-
gadas fora todos os anos. Alguns paci-
entes de Aids que recebem os medica-
mentos podem não se adaptar às dro-
gas.Outrospodemdesenvolverresistên-
ciasàsdrogas recebidas.Algunspodem
apresentarefeitoscolateraisqueosobri-
gam a buscar outro tipo de tratamento.
Sanjay Basu montou um pequeno
empreendimento informal eestá juntan-
do pílula por pílula – 10.000 delas até
agora – e passa as férias distribuindo-
asparacomunidadesdoHaiti,deBurma
e da Tailândia. Basu gastou até agora
US$ 1.000,00 do próprio bolso para
enviaraspílulasque recolhe.As farmá-
cias, compreensivelmente, preferem fi-
car incógnitas nesse processo.
O exemplo 3 dá uma nítida idéia de
uma das aplicações da Logística
Reversa:o recolhimentodemedicamen-
tos vencidos ou que apresentam algum
tipo de problema. As empresas farma-
cêuticas sabemquemedicamentos ven-
cidos trazem graves conseqüências aos
seus clientes, além de envolverem res-
ponsabilidade criminal e civil para si e
à sua imagem. Elas correm o risco de
serem forçadas a pagar pesadas indeni-
zações às vítimas por seus erros
logísticos. Consumidores desavisados
ou distraídos não podem consumir aci-
dentalmente esse tipo de produto. Por
isso, é responsabilidade das empresas o
recolhimentodemedicamentoscomdata
de validade vencida e, a qualquer tem-
po, osmedicamentoscujos lotesacusam
problemas nos pacientes.
Lacerda
2
associa as causas do pro-
cessoda logística reversaaoconceitodo
ciclodevidadoproduto, coma ressalva
de o primeiro conceito ser mais amplo
que o segundo. Nessa visão:
“...a vida
de um produto, do ponto de vista
logístico, não termina com sua entrega
ao cliente. Produtos se tornam obsole-
tos, danificados, ou não funcionam e
devem retornar ao seupontode origem
para serem adequadamente descarta-
dos, reparados ou reaproveitados”
.
3.Elementos
contidosno
projetode
logísticareversa
O processo de logística reversa
visa atender aos interesses de produ-