Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
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em disparada. E o risco de acertar no
próprio pé é inerente à impossibilida-
de de esperar omundo parar de rodar
para atirar em alguma coisa que não
semova. Se você ficar pensandomui-
to, o mercado some na sua frente, os
coelhos fogem, a princesa desaparece
e o cachimbo cai.
As ênfasesmudaram.Do tratamen-
tode dados para odescarte seletivode
informação. Da quantidade de infor-
mação para a qualidade do conheci-
mento. Do aviso para a resposta. Em
uma Sala de Guerra, o que se quer é
saber o que nos afeta de tudo que está
acontecendo. Isso significa antes de
tudo definir a informação que interes-
sa para decisão e descartar o resto. O
que é simples de dizer mas requer a
superação de uma série de traços cul-
turais arraigados nas empresas. Por
exemplo, a questão do que é
descartável e o que é essencial.
Descartáveis são as teorias, as experiên-
cias, o
felling
que nada tem a ver com
julgamento e resposta. Essenciais são
as teorias, experiências, o
felling
que
ajudam a decidir e agir. E isso, claro,
varia demomento paramomento e de
organização para organização. São si-
tuações similares à de desembaraçar
um rolo de barbante usando uma luva
de boxe. E rápido porque o mercado
não espera.
As Salas de Guerra ajudam a tirar
a luva, mas não desembaraçam nada
sozinhas.Osmodelosoperacionaisdas
Salas, como os que exem-plificamos
nos diagramas, já atingiramumpadrão
razoável de confiabilidade.Mas omo-
delo intelectual, o espírito de cada
uma, é único e intransmissível. Exis-
tem sistemas estabelecidos para cole-
tar e tratar informação. Até filtros de
busca recorrente estão sendo usados
com êxito. Mas as decisões de para
onde olhar, do que descartar e de
como agir ainda dependem, e não há
como não dependerem, da inteligên-
cia [
intelegire
= interleitura] e do ins-
tinto [
in stinguere
= espicaçado por
dentro].
3.Deque
consiste
Basicamente,umaSala reúne,emum
mesmo espaço físico, pessoal qualifica-
do e elementos de tecnologia de teleco-
municações e informação, informática,
logística, sistemade inteligência e ferra-
mentas de comando e controle para dar
suporte à tomada de decisão e a gestão
em tempo real (
just-in-time mana-
gement
). Esses componentes são
estruturadosemuma redeconstituídapor
CélulasdeTrabalho, em interaçãoconti-
nuadaentresiecomasoutrascélulas.As
ferramentase técnicasutilizadasparaessa
interaçãosão tecnologiasmultimídiaede
groupware
[programas aplicativos
(
softwares
) cujo objetivo é auxiliar gru-
pos depessoas trabalhando cooperativa-
mente].Oobjetivoéocompartilhamento,
via visualização e interação pelos inte-
grantes da Sala da informação e do en-
tendimentoproduzidos.
As Salas integram as funções de
data mining
; recuperação automa-
tizada de textos;
surveys
; pesquisa;
descoberta e análises com ferramen-
tas de visualização; análise de cenári-
os; e simulações de jogos de negóci-
os. Estão associadas a um intenso es-
forço focado em um determinado ob-
jetivo-reação, em que as informa-
ções e o entendimento produzidos
impactam a tomada de decisãoeasne-
cessidades de ação. Tudo isso voltado
para duas questões entrelaçadas, com
intervalo de resposta minimizado: i) o
que está acontecendo? ii) o que fazer?
A Sala tem embutida uma capaci-
dade de processamentode informação
e produção de entendimento que per-
mite uma variedade de fontes
multipartidas incluídas as obtidas di-
retamente de pessoas, as textuais, as
numéricas, as gráficas, as de mídia de
notícias, e formatos de processamento
paraouso interou intra-organizacional.
Essas informações são fundidas com as
deoutras fonteseexibidasemsincronia.
Os
displays
, as técnicasde texturização,
eas informaçõesadjacentes, enfim tudo
que compõe o sistema de visualização
e
design
de informaçõesdaSala servea
umúnicopropósito: a intercríticadoco-
nhecimento via compartilhamento da
informação.
As Salas são modeladas em uma
estrutura celular autogerida não
hierarquizada. São divididas em áreas
separadas, denominadas ‘células’e ‘se-
ções’. Cada uma dessas áreas tem pro-
teções múltiplas contra perdas de qua-
lidade e integridade da informação.As
células são divididas por coleta, análi-
se, disseminação e segurança, mas po-
dem ser expandidas paradomínios par-
ticularesouparaaplicaçõesespecíficas.
Em uma célula central, alimentada pe-
las células de trabalho através dos sis-
temas devisualização, têm lugar a aná-
lise final das informações – já aqui a
sentimento – e a tomada de decisões.
4.Configuração
Um exame,mesmo superficial, dos
diagramas deixa claroque na configu-
raçãodeumaSalamuitas variáveis de-
vem ser consideradas. Seria imprati-
cável neste texto dar uma visão deta-
lhada de todas elas. Por isso, vamos
nos deter em alguns aspectosmais re-
levantes.
Devido à importância da interação,
o ideal é que a Sala ocupe um único
espaço físico.Os recursosde telemática
disponibilizados ultimamente têm pos-
sibilitado amontagemde salas virtuais.
Os resultadosdeclarados, emborabons,
indicam que dois problemas ainda não
foram inteiramente solucionados. Um
é a dificuldade em encontrar, a custos
suportáveis, pessoal habilitado a ope-
rar [epensar] em ambientevirtual.Ou-
tro éque avelocidadede intercâmbio é
prejudicadapelo formalismo inevitável
nas comunicações a distância.
Essaobservaçãonos remete às cate-
goriasde recursoshumanosnecessários
àoperaçãodeumaSala, quenada têm a