Maio_2005 - page 90

Mesa-
Redonda
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R E V I S T A D A E S P M –
M A I O
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J U N H O
D E
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gente jovemquer trabalharemONG.
Mascreioqueo focodaquestãoestá
na mudança.
AMALIA
– As pessoas também têm
dificuldades para lidar com títulos;
pensam que os títulos são elas,
achamqueomotoristaeocarroque
têmsãodelas.Então,nãoconseguem
mais saber quem são e quem é o
personagem. Acho que a nova
geração está mais desprendida
desses conceitos. Ao mesmo tempo
há preconceito de ambos os lados –
tanto os mais quanto os menos
experientes. O jovem chega ao
mercado de trabalho querendo ser
gerente sênior inter-galático do
planeta Terra. Ele não quer carregar
caixas, papéis, como a geração an-
terior; já quer entrar no topo. Já os
mais velhos e experientes acham-se
os “donos dacocadapreta”: paraele
é o carro, a sala, o título – e não
consegue viver sem isso.
FLÁVIO
– Entrevistomuitas pessoas
jovens. Eles vêm “totalmente
qualificados”: comMBA, falam in-
glês, francês, alemão, espanhol. Aí
pergunto: “você falaportuguês?”Eles
vêmpreparadosparaomercado,mas
não para a vida.
JR
–GostariadeouviroMarcos, que
estáemrecursoshumanos,sobreuma
questão aritmética. Dois executivos,
na empresa há algum tempo, cada
um ganha um bom salário. Manda-
se os dois embora e contratam três
mais jovens, atémais barato do que
os dois mais velhos. Qual é a sua
experiência com esse tipo de coisa?
MARCOS
– Eu nunca presenciei
isso.Mas há empresa que toma esse
tipo de decisão, muito mais pelo
lado financeiro. A reengenharia foi
um movimento que, realmente,
procuravaeliminaroprofissionalque
custavamuito e produzia pouco.
JR
– E há o aspecto legal. Pelas leis
brasileiras, não se pode reduzir
salário. Então qualquer um, aos 85
anos, vai ganhar mais que o
presidente. Se, na vida real, a natu-
reza é cíclica, por que não legalizar
uma curva de salários? Se alguém,
aos 60 anos, está ganhando uma
fortuna, poderia passar a ganhar um
poucomenos.
GALASSO
– Enão é só.O custode
empregar éaltíssimo.Contrata-seum
empregado por R$ 1 mil e o custo
dele é R$ 2mil. E demitir também é
muito caro. Mas, às vezes, é pre-
ferível demitir, arcar comos custos e
admitir alguém mais barato para
aquela função. Isso acontece, é
normal.
AMALIA
– Nessa questão de su-
cessão, sai umapessoa, hoje, eaque
está imediatamenteabaixo já seacha
pronta.Tomacomocertoque, se saiu
aquela pessoa sênior, ela tem o
direito de ficar na posição. Mas não
é assim. Como houve
downsizing
,
diminuíram os níveis entre as hierar-
quias. Então, parece haver uma
distância, não só de idade, mas de
experiência, capacitação e vivência
entreoprimeiroeosegundo. Issoestá
gerando conflitos dentro das empre-
sas, que beiram à guerra.
MARCOS
– A troca não é tão
simples assim. Olhando sob o as-
pecto financeiro, parece vantajosa.
Mas não é. A experiência é neces-
sária. São anos de experiência de
alguém que está sendo trocado por
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