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M A I O
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J U N H O
D E
2 0 0 5 – R E V I S T A D A E S PM
Tenho40anos, passei por 9empre-
sas e fiz amesma coisa: fui gerente
antes dos 30, diretora antes dos 40
epresidenteantesdos50.Mas,para
chegar lá, foram necessárias 9
empresas. Ele conseguiu em uma!
GALASSO
– O tipodecarreiraque
tivenãoexistemais.Ospróprios jo-
vens não estão interessados.Nesses
38 anos, tivemuitas oportunidades
de deixar a Unilever. Às vezes me
pergunto se agi certo. Não tenho
resposta.Foram38anosemquevivi
bem e ganhei experiência; vi muita
gente sair da empresa e – quando
os encontrava – em outras funções
em outras empresas, percebia que
tinham parado no tempo. Uma
empresa multinacional, como a
Unilever,ofereceaoportunidadede
conhecereentenderomundo;você
sabeoqueacontecenaChina; rece-
bia
e-mail
do Vietnã, pedindo
informações. Depois, fui trabalhar
numa empresa nacional, familiar.
Foi um choque enorme. Sabia dos
problemasqueasempresasbrasilei-
ras têm; mas não imaginava que
fossem tão grandes. Essas duas
experiências levaram-me à conclu-
são de que, enquanto em uma se
ganha experiência, na outra você
contribui. São duas fases importan-
tes na vida da gente.
ALEXANDRE
– Sempre existirão
exemplos isolados: alguém que se
destacou cedo, como os casos da
Amalia e do Galasso, e outro que
começou tardiamente. Se olharmos
a história, temos inúmeros exem-
plos, de artistas ou cientistas...
JR
– Como aquela senhora ameri-
cana, Grandma Moses, que come-
çou a pintar aos 70 anos – e nosso
MonteiroLobatoquese tornouescritor
de livros infantis aos 44...
ALEXANDRE
– Há exemplos em
ambas as direções. Quando falamos
de envelhecer, temos de pensar na
média da população, que são esses
milhões de pessoas de que o Mário
falou. Pensando em médias, ainda
existe uma relação entre o fato de a
pessoa envelhecer e o fato de tornar-
se mais limitada em relação às suas
capacidades quando jovens. Isso será
a verdade para a maioria desses 32
milhões.Mas, há doismil anos–com
expectativa de vida de 30 anos – a
pessoa,aos25, jáestavasemumbraço
ouumaperna,perdidosemcombate...
Há expoentes, pessoas com 70, 80
anos,que têmdesempenhomelhordo
queamaioriados jovens.Essaspessoas
fazembemà sociedadeporque inspi-
ram os demais, que pensam: “se eles
conseguem eu também consigo”. O
J.Robertonosmostroualgumas frases,
e a quemais me tocou foi: “O idoso
conserva suas faculdades semantiver
vivos seus interesses”. Acho que isso
se aplica a quase todos os casos.
MARCOS
–Euperceboaquestãodo
envelhecimento sobduas ópticas: sob
a de quem envelhece, vai muito de
como a pessoa se sente, de como ela
aborda o assunto envelhecimento e,
nisso, há diferenças culturais. Eu, por
exemplo, venho de uma cultura em
queoenvelhecimentochegaa ser um
privilégio. Mas há o lado externo,
comoomercadoenxergaprofissionais
acima de uma “idade limite”.
Infelizmente, estamos todos influen-
ciados pela questão cronológica.
Nascemos em uma data marcada e
–apartirdaquelemomento–começa
a rodar o relógio da vida, ano após
ano... No início, não é tão preo-
cupante.Meus filhos, de 5 e 8 anos,
não têmnoçãodoqueosesperadaqui
a 10, 12 anos. Quando olho 10, 12
anos à frente, vejo-me com50 anos.
Sinto-me na flor da idade, posso
produzir por muito tempo, mas me
preocupo porque, vou estar, de fato,
“velho”paraomercado.Omercado
vai me enxergar de forma diferente.
MÁRIO
–Mas essa pode ser a ati-
tude atual e injunções histórico-
estruturais podem obrigar o próprio
mercado a se adaptar. O Brasil
envelhece;osnascimentosdiminuem
e os conceitos de jovem e velho vão
ser abalados com isso. Para ter uma
idéia, 77% dos aposentados brasi-
leiros – acima de 60 anos – vivem
deaposentadoria; 21%dasmulheres
vivem de pensões. Se o velho for
sempre visto como excluído, em
função da cronologia, esse encargo
recai sobreoEstado,queprecisacriar
hospitais, sanatórios, assistências –
coisas impossíveis sem a contri-
buiçãodo trabalhodessaspessoasque
possuem recursos físicos e mentais
paraseauto-sustentaresustentarsuas
famílias. Hoje, no Brasil, há 15
milhõesde lares sustentadosporpes-
soas acima de 70 anos, e 5milhões
de lares por mulheres acima de 60
anos. Isso sinaliza a necessidade de
“BOEMIA,PARAALGUÉMDAMINHA IDADE,ÉCAMA;
MAS ACOMPANHADO.”
NELSON GONÇALVES