Maio_2005 - page 86

Mesa-
Redonda
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R E V I S T A D A E S P M –
M A I O
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J U N H O
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um repensamento estrutural de toda
a sociedade brasileira. Não é mais
uma questão de ética, de uma
classificação antropológica – o novo
é novo, o velho é velho. Isso nos
remete a Cícero – que escreveu um
livro sobre a velhice – que analisa
esse problema, e é antigo. Quero
citar um trecho: “Há quatro causas
que fazem parecer miserável a
velhice: aprimeiraporquenos afasta
do trabalho; a segunda porque nos
enfraqueceocorpo;a terceiraporque
nos privadequase todos os prazeres
e a quarta porque é vizinha da
morte”.Maselemesmodefendiaque
nenhuma dessas quatro causas se
sustenta, porque“noquediz respeito
ao trabalho, há trabalhos que são
próprios da velhice. Quantos velhos
sustentaram a república por sua
sabedoria e autoridade?” No que se
refere ao enfraquecimento, “a
velhice não precisa de forças; há
velhosenfraquecidosquenãopodem
preencher a menor função na vida.
Mas esse não é um defeito peculiar
da velhice; isso é um problema de
má saúde”. Os homens de 80 anos,
aosquaisme referi, estãocomplenas
condiçõesde trabalhoecontribuição.
Um jovem pode não ter saúde
também; os conceitos têm que ser
revistos. Os prazeres não têm o
mesmo encanto para os velhos, mas
também os desejos são mais
adequados – é questão de uma boa
calibragem, e hoje a medicina vem
em socorro dessa calibragem. Onde
o desejo não existe, a privação é
menos penosa. No que diz respeito
à vizinhança damorte, “desgraçado
o velho em que em tão longa vida
nãoaprendeuqueéprecisodesprezar
amorte,porquedeveserumachatice
morrer e ficar eterno”. Isso transpor-
tadopara dados concretos e reais de
uma sociedade em transformação –
e aí entra o problema de vivência e
experiência –, vê em que medida
uma nova vivência da experiência
de ser velho deve ser assumida.
AMALIA
– Também há o fato de
associarmos a sapiência; venho de
uma cultura chinesa emqueo enve-
lhecer é trazer experiência. Mas a
sabedoria não necessariamente está
sónacronologia.Hásabedorianuma
criança, no viver, num relaciona-
mento. Às vezes ouvimos coisas de
pessoas que não têm cultura aca-
dêmica e aprendemos muito. Então,
esses conceitos sobre as atitudes,
sobre o que é sábio ou não, o que é
bonitoounão, têmavercomamídia.
ARenew, por exemplo, afirmaque é
preciso fazer alguma coisapara ficar
melhor. A maior escrava dessa
sociedade do envelhecer-ou-não é a
mulher, que responde aos estímulos
de que é melhor ser mais bonita,
mais jovem. Diz-se que, quando se
educa uma mulher, educa-se a
família toda; quando se educa um
homem, educa-se apenas um ho-
mem. Isso tudo vai penetrando na
sociedade, transformando-a em uma
mistura da cultura, o reflexo da
marca. Os livros não dizem que as
marcas refletem o que a sociedade
tem? Na minha visão, todos nós –
“SEEUSOUBESSEQUE IAVIVERTANTOTEMPO,
TERIAME CUIDADOMELHOR.”
EUBIE BLAKE
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