Maio_2005 - page 84

Mesa-
Redonda
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R E V I S T A D A E S P M –
M A I O
/
J U N H O
D E
2 0 0 5
JR
–Estamos reunidos paraadiscus-
são de um tema atual e polêmico –
aténaprópriadefinição.Vamos falar
sobre os velhos e os novos. Gostaria
de começar, tentando conceituar
quem é jovem quem é idoso.
MÁRIO
–Poiseuconsideroumdiá-
logomuito jovem e oportuno. Hoje,
devemos mudar o conceito de
cronologia. Estaclassificaçãobipolar
– juventude e velhice – envelheceu
e em função dos próprios dados da
longevidade, da diminuição das
horas de trabalho, do aumento das
pessoas acima de 60 anos e do
investimentobrutal queoEstado tem
que fazer em função dessa nova
realidade. Essa cronologia não pode
ser considerada nem como prisão
paraosmais idosos e espaço aberto
para os jovens. Não vou falar em
causaprópriaatéporque jápassei da
“terceira” idade; estou na idade das
homenagens. Mas, em 1980, havia
600 mil brasileiros commais de 80
anos; em2004, eramdoismilhões e,
em2050 teremos14milhõesdepes-
soas com mais de 80 anos. E, na
segunda metade deste século, tere-
mos cercade32milhões depessoas
acima de 80 anos com condições
vitais de atividade, participação e
intervençãono tecidosocial.Por isso,
nãopodemosmais ser reféns dacro-
nologia–acronologiaéumengodo.
JR
– Ao dizer que a classificação
“envelheceu”,comosinônimodecoi-
sa que saiu demoda, oMário invo-
luntariamente disse algo “politi-
camente incorreto”. Um conceito
queenvelhece,pode tersidoapurado,
melhorou, devíamos acreditar mais
nele. Mas não é o que acontece.
AMALIA
– Acho que há confusão,
principalmente dentro das organiza-
ções,queémisturarexperiênciacom
vivência. O fato de a pessoa estar
emalgum lugardurantemuito tempo
não lhe dá experiência. Mas sim, a
forma como ela se relaciona com o
que vive, no dia-a-dia. Mil anos a
dez não é a mesma coisa que dez
anos amil. Até recentemente, a pes-
soa, paraascender aumaposiçãode
destaque, teria que passar muito
tempo dentro da empresa, pelo
menos uns 15 anos. Ninguém vinha
de fora para assumir uma posição
importante, porque não ficava bem,
nãoerapratadacasa. Então, gerente
antes dos 30, diretor antes dos 40 e
presidente antes dos 50 era inima-
ginável. Hoje, tudo se transformou.
GALASSO
–Não concordo. Fui ge-
rentecom28, diretor com35epresi-
dente com 42.
AMALIA
– Mas isso era raridade.
GALASSO
– Tive uma carreira de
38 anos na Unilever; hoje em dia é
quase impossível.
AMALIA
– Olha que interessante.
“ALUTACONTRAAVELHICEÉUMALUTAPERDIDA,MAS
PRETENDO PERDER POR POUCO.”
JUDITH CARLESSO
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