Mesa-
redonda
R e v i s t a d a E S P M –
maio
/
junho
de
2009
94
culturais; começandopelas fronteiras
físicas e também algo extremamente
relacionadocom isso:oestadonacio-
nal. São duas coisas hoje colocadas
emxeque.As bases sobreas quais se
assentaram as fronteiras e os estados
nacionaisprecisam ser rediscutidas.
JRWP
– Não esqueça de que foi
exatamente este tipo de proposta
que deu origem a várias guerras,
pela história...
Gracioso
–A ideia de ummundo
só éantiga. Sóconsiderandoonosso
universo cultural, que é a Europa
Ocidental, começou, talvez, com o
sonhodeAlexandree,maisconcreta-
mente,o ImpérioRomano.Depoisdos
romanos, foi a vezdeCarlosMagno.
ENapoleão,Hitler, os impériosBritâ-
nicoeAmericano...
RosaAlegria
–Concordoquetodas
as tentativas de se criaremmundos
novos foram sob o aspecto da domi-
nação, sob a energia da dominação.
Mas nós somos seres em evolução;
apesar de termos feito tantos estra-
gos, também fomos capazes de criar
grandes coisas; somos capazes de
decodificar genomas, de criar célu-
las artificiais que imitam glóbulos
vermelhos etc. Nossa capacidade
de criar quase é infinitahoje, nãodá
mais para se prever o que vem pela
frente.Aprópriacapacidadedanossa
inteligênciacresceexponencialmente.
Nosúltimos100anos–pequeníssimo
milímetro da história – deram-se as
grandes evoluções tecnológicas mas
fomos capazes, também, de destruir.
Achomuito perigoso pensar em um
mundo só, porque nos esquecemos
semprede fazer umapergunta: “para
quem”? E também: “a mando de
quem” e “quem está no comando”.
Émuitoperigosopensar nummundo
único,quepassaporumgrande risco
de voltar a um sistema totalitário. O
que proponho, no lugar desse con-
ceito – e foi sempre uma inspiração
paramim – é o conceito de
Cidada-
nia Interplanetária
. Hoje somos seres
conscientes das diferenças – como
há séculosnão tínhamos.Hoje temos
contato,em
real time
,comosdiferen-
tes.Entãoreconhecer-sediferente,mas
também reconhecer-se no outro é a
grande saída.Comoouvi umavezde
umfilósofo indiano:“Youare Iam”.Se
tivermos essaconsciênciado
youare
I am
,mesmoqueeu sejaafricanoou
islâmico,católicooucristão,devemos
querersobrevivercomoespécie,como
humanidade.Essereconhecimentono
outro e a preservação das culturas é
quevaiproduziropotencialparacriar
ummundo novo. E outro caminho,
queaponto sempre, émudar a forma
pelaqual retratamosesse tempoque
vivemos; tanto na imprensa quanto
na própria educação, na literatura,
na nossa linguagem e discurso co-
tidianos, semprecostumamos olhar
para trás, pelo retrovisor (sempre
estudamos história), acho que é
chegadoomomentode ligar o farol
e olhar para frente.
JRWP
–Estudar cenários.
RosaAlegria
– Quem sabe vere-
mosumcaminhobastanteflorido.
JRWP
–TemosumprofessordaEscola,
o Pergentino Mendes de Almeida,
}
O temadestedebatebaseia-seno título
deum livrodeWendellWillkie.
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