Mesa-
redonda
R e v i s t a d a E S P M –
maio
/
junho
de
2009
98
}
Temosdedar condiçõespara todos
adquirirem sabedoriaepoder desenvolvê-la.
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da sua identidade.Vejomuito positi-
vamente essemomento. Certamente,
muita destruição está por vir, muitas
dores ainda, espasmos; mas estamos
vivendoessenovomundo;existempe-
quenosgrupos se formando, ao redor
domundo, comopequenas formigas
poderosas,criandomovimentosdedi-
ferentesnaturezas, ligadosàecologia,
àpaz,àsustentabilidade,osdireitosda
criança. Ouvi numa palestra do Paul
Kawkenque há algo em tornode 12
milhões de grupos, hoje. Imaginem
se todos esses grupos se unissem!
Nessa busca da sua identidade, as
pessoas passam a ter contato com
a sua essência, por meio de novas
linguagens, que não propriamente
a linguagem religiosa, mas da arte.
AquimesmoestamosnumaEscolade
arte,decriatividade.Poisvejoo futuro
comoumgrande territórionovoa ser
explorado, pelas novas linguagens,
como o futebol, que tem a capaci-
dade de unir os povos; a música, a
própria arte, os ícones, as imagens.
Ainda estamos numa sociedade que
exacerbanaverbalização, a raciona-
lidade. Estive numa consultoria, em
Minas, chamada Homo Sapiens e o
slogan
delesera“aprenderapensar”.
Na introduçãofizumabrincadeira, e
propusaelesquemudassemo
slogan
para“aprenderanãopensar”.Deque
omundoprecisa, realmente, é sentir.
E nós talvez precisemos estimular os
outros estímulos sensoriais além da
mente, mas todos os sentidos que
estãoumpoucoanestesiadospela tec-
nologia: tocar, sentir, ouvir, cheirar...
Gracioso
–Creioquediscordo:
acho que chegaremos à solução
através da mente, não são as
emoções...
JRWP
– Há alguns anos, participei
deumencontro,emSalvador,coma
Dra. JuanaHelbeineoMestreDidi,
e o tema era “O emocional lúcido”
– achoque essa é a fonte.
Rosa Alegria
– Não estou des-
cartandoamente,masnãoacredito
na exacerbação da mente sobre a
emoçãoeo sentimento.Nós somos
seres integrais, constituídos por ei-
xos emocionais, mentais, culturais
e sociológicos.
JRWP
– É uma posição pós-moder-
na, de certa forma.
RosaAlegria
–Oquenãopode-
mos, é claro, é priorizar um sobre
o outro; o que hoje prevalece é o
aspecto racional.
Gracioso
– Platão dizia que “o
homeméespíritoematéria”.Acho,
Rosa, que, se você trocar a palavra
mente
por
espírito
, vai estar mais
pertoda verdade.
RosaAlegria
– É, porque o espí-
rito transcendeamente, envelopaa
mente, eleéumadimensão superior
que vai além do racional.
JRWP
–O racional seria um instru-
mental do espírito.
RosaAlegria
–Não sei se vocês
leram
O fenômeno humano
, do
Chardin; em1940, ele criouo con-
ceitodaNoosfera.
JRWP
– O Boff falou sobre isso na
entrevistaquenosdeu.
RosaAlegria
– Ele via, no futuro,
umadimensãocivilizatóriaqueestaria
transcendendo todas as esferas do
mundo, que são a geosfera, biosfera,
atmosferaequeatravésda ligaçãodas
menteshumanas– talvezelequisesse
dizer “pormeiodaconsciência”.
JRWP
– Mas da consciência das
almas? O Leonardo falou em cons
ciênciacósmica.
RosaAlegria
–Estaríamoscriando
umamente ruim.
Jorge Montecinos
– Costumo
dizer aos meus alunos: “Precisamos
estudar a história, para conhecer o
passado,entenderopresenteesonhar
o futuro”. Omundo tem dificuldade
parapoder sonharo futuro, temcerto
temordeousaroquedeseja.Futuroé
coisaparaquem acreditanodestino,
noqueestáescritonosastrosenases-
trelas.Oproblemaéqueoshumanos
pensam,mas sonham também.
RosaAlegria
–OprofessorMonte-
cinosdeuum “gancho”maravilhoso.
Temos um déficit, na sociedade pós-
guerra, de sonhar. Somos deficitários
até na nossa linguagem, usamos
palavras deficitárias, pouco criativas,
pouco florescentes, até decadentes.
Um sociólogo – não sei se já leram
algodele–FredPolak, resolveuestu-
dar amacro-história, por intermédio
do seupoder de sonhos –o livroestá
esgotado e chama-se
A Imagem do