Mesa-
redonda
R e v i s t a d a E S P M –
maio
/
junho
de
2009
100
}
Oconceitodeummundo sónão
apenas fereaquestãodadiversidade,mas
vai tambémcontraademocracia.
~
}
OBrasil nãopode ser exemplopara
ninguémenquantopersistir essa situação.
~
Uma delas é a miscigenação. Aqui-
lo que os intelectuais brasileiros,
no Século XIX, achavam que era o
problemadopaís.O ideal depureza
eugênica, que permeava o pensa-
mento europeu e que contaminou
os intelectuais brasileiros, achava
que estávamos perdidos por causa
da miscigenação, éramos uma raça
fraca.Hojevemosque,ao invésdeser
umadesvantagem, éuma vantagem.
O fato de o Brasil ser miscigenado
significaquenãohouve fronteirasde
cor,nuncahouveracismonoBrasil.O
Brasil podecontribuir com issonesse
mundo que está, como diz a Rosa,
em trabalho de parto. Omundo já
estáficandoumpoucomaisparecido
com oBrasil, nesse sentido.Você vê
numa rua em Londres ou Paris uma
misturade gente. E a salade aulado
filme que citei é umpoucoparecida
comumcaldeirão, eoBrasil sempre
foi isso.Mas,dequalquer forma, esta
éuma sociedademuitoperversa.
RosaAlegria
– Gostaria de vê-lo
em uma reunião que participei, de
preparação de um encontro que vai
acontecernoBrasilnopróximoano–
TheStateof theWorldForum. Eranos
EstadosUnidos eoBrasil será a sede
dopróximo, no anoque vem. Existe,
sim, uma visão romântica sobre o
Brasil. Pessoas de fora veem aqui um
novomundo,oparaíso,mesmoagora
nessemomentode crise, de reavalia-
ção de valores. Também concordo
com você que não podemos ignorar
essas chagas vergonhosas, que sãoas
diferenças sociais mais terríveis do
mundo;onosso índicedecorrupção,
que é altíssimo e a nossa indiferença
com a educação. Concordo com o
professor: não temos essa natureza
de identidade, de unidade; somos
elitistas, as classes sociais sãomuito
defasadas.Mashá tolerância;oBrasil,
mais doque tolerante, éhospitaleiro.
Essahospitalidadeque temosnonosso
DNAencantaaspessoasquevêmde
fora.Talveznão sejamoshospitaleiros
com nósmesmos, porque ainda não
temos aquela identidade formada.
Tantoque a nossa independência foi
proclamada por um português. Mas
achoqueoBrasilpodeserumagrande
potência,nessanovaordemmundial.
Mas temos de corrigir esses fossos
sociais. Do ponto de vista humano,
somos pessoas versáteis, nas crises;
nos “viramos” bem, em momen-
tos difíceis. Somos uma sociedade
resiliente a crises e outras coisas; e
também somos criativos – não ino-
vadores porqueachoque inovaçãoé
mais implementaçãodacriação–mas
somos criativos. Acho que esse valor
da criatividade é importante para o
futuro, numaeconomiamaiscriativa,
mais intangível. Do ponto de vista
natural ematerial, temosamaiorbio-
