Entrevista
R e v i s t a d a E S P M –
maio
/
junho
de
2009
18
João Havelange – É aberto a
qualquer pessoa que vier fazer a sua
inscrição; tem tudo.
Gracioso –Nós gostaríamosde
participardisso.
JoãoHavelange –Há 15ou20
diasesteveaqui umdosalunos, que
já tem uma empresa, fez um curso
desses, eu fiz a abertura que foi na
Academia Brasileira de Letras aqui
noRiode Janeiro, com500pessoas
presentes.Veja o interesse, e como
isso abre um campo de trabalho.
Queria mostrar o que é o futebol
e a sua força e como ele deve ser
bem tratado. Por isso sempre que
posso não deixo de estar presente
para dar algum tipo de contribui-
ção. Um dos problemas domundo
éodesemprego, e tododia– temos
essa estatística – comem, vivem do
futebol 250milhões de pessoas no
mundo. Se pusermos para cada fa-
mília cinco pessoas, dá um bilhão.
O futebol toma contadeumbilhão
de pessoas no mundo, é a coisa
mais poderosa no mundo, digo de
coração porque é uma verdade.
Por exemplo, amanhã tem um jogo
de futebol, digamos Bolívia contra
um outro país; quantas pessoas na
Bolívia vão trabalhar em função
desse jogo – avião, hotel, meios
de comunicação, imprensa – veja
a importância que isso representa.
Acho que foi o principal daminha
administração, eacreditoque–com
isso – podemos até encerrar a con-
versa. É que, antes de sair da FIFA,
euprojetei eoBlatter realizou: uma
CopadoMundonaÁfrica. Sefizer-
mos um retrospecto veremos que
nuncaninguém levounadaàÁfrica.
A Copa do Mundo vai à África, já
está na África e cinco países já se
apresentaram: Egito, Tunísia, Líbia,
Marrocos e África do Sul. Há de
convir comigo – e não há desres-
peito nisso –mas o que representa
a África é a cor, a chamada “África
negra”, os outros sãomuçulmanos,
então vai ser naÁfrica negra.
Gracioso – Abaixo do Saara.
JoãoHavelange – Exatamente,
naÁfricadoSul, os estádios ficarão
prontos.Muitas federaçõesemuitos
membroscomentavamqueelesnão
iamficar prontos eeudisseaoBlat-
ter “não se preocupe, vamos até o
final”.Vamos supor que, seismeses
antes, não se pudesse fazer a Copa
doMundo naÁfrica; voltava àAle-
manha, que tinha feito em 2006, e
estava tudopronto.Então,não temos
decorrero risco,masdar confiança
esesentirprotegido tambémporque
vocêéumadministrador;evocênão
pode deixar que uma competição
como essa em que se tem os
spon-
sors
,a televisãoe todososcontratos,
não se realize. E outra coisa: se eu
faço a Copa doMundo na Europa,
a publicidade vai para a África e a
Ásiaquemuitasvezesnão têmpeso,
mas se faço na África, ela sai para
todo o resto do mundo. Veja que
publicidade, que peso e que valor.
Temosdeanalisardeduasmaneiras.
Na África, a publicidade dela vem
para fora, então temmais valor do
que saindo daqui para lá, partindo
da Alemanha para lá. Veja como
tudo é importante, como podemos
nos servir de todos e todos podem
servir a um todo. A África está se
servindo porque vai sediar a Copa
ea imagemvai ser dadaaomundo,
e–com isso–estão tendoumgran-
de progresso. Por exemplo, soube
queMoçambique está construindo
um estádio – com término previsto
na Copa do Mundo – para 45 mil
pessoas, novíssimo, perfeito, para
oferecer ao Brasil, para usá-lo nos
seus treinamentos, cuja distância é
umahorade avião.Veja comouma
coisa já desenvolve outra.
JRWP – Extraordinário.
João Havelange – Isto é o
futebol, isto tem uma força e um
valor imensos.NaCopadoMundo
aqui, teremos 12 sedes: é centro,
norte, sul, leste, oeste, todomun-
do, você mexe com todos, leva
felicidade a todos, todos estão
tocando um pouco naquilo que é
a sua paixão que é a bola.
JRWP –Dr. João acho que o se-
nhor já respondeu com sobras
à nossa expectativa. Uma coisa
só: o senhor é um brasileiro
chamado Jean Marie Faustin
Godefroid d´Havelange?
JoãoHavelange– Issomesmo,
meupai era belga.Mas achoque,
por ele ser estrangeiro, fez-me
ter um sentimento pelo meu país
que não teria se ele não tivesse
chegado aqui como estrangeiro,
o que pode fazer diferenças e
}
O futebol tomacontadeumbilhão
depessoasnomundo.
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