Francisco
Gracioso
maio
/
junho
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
27
O que temiam esses defensores
do isolamento? Acima de tudo,
tinhammedo do livre intercâmbio
de ideias, produtos e capitais que
vêm no bojo da globalização. Ain-
dahojealguns industriais levantam
essabandeira, semprequeaChina,
ou outro bicho-papão, ameace
o seu mercado, mas a ideia da
globalizaçãoacaboucriando raízes
e hoje é um caminho sem volta.
Neste artigo, analisaremos as
consequências boas e más da
globalização para o nosso país.
Ela não se revelou maléfica para
nós, muito pelo contrário. Hoje,
se o Brasil está efetivamente in-
tegrado na economia mundial,
isso se deve, em grande parte, à
globalização.Ao contráriodoque
muitos temiam, as empresas brasi-
leiras tornaram-se parceiras ativas
do processo de globalização,
desenvolveram vantagens compe-
titivas próprias e transformaram-se
também em multinacionais. No
sentido inverso, aumentouo fluxo
de capitais e de tecnologia vindos
do exterior, desenvolvendo novas
fontes de riqueza, criandomilhões
de empregos e transformando o
país em grande exportador de
produtos manufaturados.
Em suma, repetiu-se em nosso país
o fenômeno já ocorridonas econo-
mias centrais. O Brasil integrou-se,
definitivamente, à economia mun-
dial e passou a ser importante para
o resto do mundo, tanto quanto o
mundo se tornou importante para
nós. Chamamos a isso de interde-
pendência e as suas implicações
são muito mais amplas do que se
poderia imaginar.
Ooutro lado
damoeda
Houve também prejuízos, causa-
dos pela globalização, em todo o
mundo. O aspecto mais daninho
da globalização talvez tenha sido
a excessiva liberdade concedida
ao mercado de capitais, levando
}
Por improvável quepareça, a globalização, quemuitos
olhavam como instrumento imperialista, foi a forçapropulsora
que acelerou esteprocessode integraçãoplanetária.
~
à criação de bolhas especulativas
que acabaram explodindo. Essa
ênfase exagerada em resultados de
curto prazo acabou contaminando
muitasgrandesempresas,principal-
mente asamericanasquepassaram
a viver em um verdadeiro inferno
astral. Para contentar os acionistas
e garantir os seus empregos, os al-
AUE está gastandobilhões de
euros na construção de uma
verdadeiramuralha eletrônica para
evitar que imigrantes indesejados
atravessem suas fronteiras.
s
î
M. Dueñas