comportamento
Revista da ESPM
|março/abril de 2013
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organização empreendedora. No livro
Innovation and
entrepreneurship
(
Inovação e Empreendedorismo
, Harper
Business, 1985), Peter Drucker aborda o papel decisivo
do empreendedor em relação à inovação tecnológica ou
social, alterando o rendimento dos recursos, agregando
valor e satisfaçãopara o consumidor. Na opiniãodo autor,
“a emergência de uma economia empreendedora émuito
mais umevento cultural e psicológico do que econômico
ou tecnológico”. Isso significa que o empreendedor é
um evento metaeconômico, que não pode ser explicado
pela economia. Daí a necessidade de recorrer às outras
áreas, como sociologia e psicologia, para se entender o
empreendedorismo.
Marca registrada
É no terreno da psicologia que se enfoca a motivação dos
empreendedores,suaatraçãoparaaatividadeindependente
equaissãoos traçoscomunsdepersonalidade
–
comporta-
mentos, atitudesmentais, valores e crenças. Por meio da
psicologia, também é possível investigar se empreende-
dores teriamtiposdepersonalidadediferenciadosecomo
fazer para medir ou desenvolver essas características.
Antes de prosseguir, é preciso deixar claro o signifi-
cado de personalidade e traços de personalidade. Per-
sonalidade corresponde a padrões de comportamentos
relativamente estáveis e duradouros. Esses padrões
permitem ao indivíduo se identificar consigo mesmo e
que seu comportamento possa ser previsto por outros. É
composta por uma complexa estrutura de traços, alguns
mais centrais e outrosmais periféricos (imagine a perso-
nalidade comouma cebola, comdiversas camadas, desde
as superficiais até o seu núcleo).
Já o traço se refere a um padrão de comportamento e
pode ser de temperamento, dinamizadores (motivado-
res), habilidades e conhecimentos, papéis e estados. Esta
ordem de apresentação dos traços
–
de temperamento a
papéis
–
reflete o grau de permanência, estabilidade e
durabilidade de cada um deles.
Nos Estados Unidos, a partir de 1950, proliferaram as
pesquisas sobre as variáveis psicológicas relacionadas
com os empreendedores. Em Harvard, destacou-se o
psicólogo David Clarence McClelland, que liderou um
programa de pesquisas abordando quase todos os aspec-
tos do empreendedorismo.
As pesquisas feitas tanto nos Estados Unidos quanto
em países como a Índia levaram McClelland a afirmar,
categoricamente, que o que move os empreendedores é a
necessidadederealização, particularmentealtaentreeles.
Tambémreuniu fortesevidênciasdequeessanecessidade
teriarelaçãocomperíodosdedesenvolvimentonospaíses.
A necessidade de realização pode ser pensada como
uma síndrome de características que semanifesta por um
conjunto de comportamentos, descritos por McClelland,
em dois momentos distintos: no artigo
Business drive and
nationalachievement
,publicadona
HarvardBusiness Review
,
na edição de julho/agosto de 1962, e no livro
Human
motivation
(CambridgeUniversityPress,1987).Esseconjun-
todecomportamentosécompostopor seiscaracterísticas:
História, economia, sociologia,
administração e psicologia sãodisciplinas
comenfoques distintos, que procuraram
estudar o fenômenodo empreendedorismo
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