março/abrilde2013|
RevistadaESPM
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O
papel que os empreendedores exercem na
economia e na sociedade atrai questiona-
mentos. O que impulsiona alguns indiví-
duos a empreender, organizando negócios
lucrativos ou organizações para atender às necessidades
sociais? Por que alguns indivíduos dentro das organi-
zações
–
governamentais, políticas, religiosas ou de
negócios
–
conseguem, mesmo com restrições e desestí-
mulos, impulsionar projetos, produtos ou novas visões?
Por que persistiriam, quando o senso comum diria para
desistir? E por que é que alguns conseguem fazer cres-
cer e florescer os negócios, projetos ou organizações,
enquanto outros falham e são vencidos?
Essas questões alavancaramestudos emdiversas áre-
as doconhecimentoparadesvendar oque torna certos in-
divíduos diferentes dos demais. Ou seja, a admiração por
sua capacidade de transformação de realidades levanta
questões acercadequequalidades
–
crenças,motivações,
atitudes, habilidades, características demográficas etc.
–
têmessas pessoas que as atraempara exercer esse papel.
Três pontos estariam entre as atividades essenciais
dos empreendedores: identificar e aproveitar oportuni-
dades; tomar decisões, rapidamente, emcondições de in-
certeza e comrestriçãode recursos; trabalhar duramente
(mais do que os empregados), para atingir objetivos. São
profissionais movidos por visões, sonhos e metas, que
colocam mãos à obra para transformar objetivos em
ação. Para tanto, mobilizam ou desenvolvem um amplo
repertório de conhecimentos e de habilidades.
Semum consenso sobre a definição do empreendedor,
compartilho a visão do que seria umempreendedor: todo
aquele que percebe oportunidades ou necessidades e cria
emtornode si uma rededepessoas e recursos, organizan-
do-os de tal modo a implementar uma empresa, organi-
zação social, negócio socialmente sustentável, produtos
e projetos, oferecendo ou melhorando bens e serviços e
aumentando a riqueza ou o bem-estar da sociedade.
Como se pode depreender, o fenômeno do empreen-
dedorismo é complexo. Ocorre em diversos âmbitos
sociais, países e culturas. História, economia, sociologia,
administração e psicologia sãodisciplinas comenfoques
distintos, mas que procuraram estudá-lo.
Assim, a história dos magnatas procura, pelo exame
da vida e obra desses indivíduos, desvendar a conjuntura
comque sedefrontaram, quais as estratégias, táticas, téc-
nicas emétodos utilizados. Esse tipode interessepersiste
até hoje, como atestam as biografias ou autobiografias
dos grandes empreendedores, que os caracterizamcomo
pessoas de muita visão, energia e objetivos.
Naóticaeconômica, osempreendedoresdespontariam
como resposta à infraestruturade oportunidades, agindo
racionalmente para restabelecer o equilíbrio do ambien-
te. Um dos mais importantes economistas do século 20,
JosephSchumpeter ressaltouopapel decisivodos empre-
endedores na introdução das inovações com a oferta de
novos produtos e serviços, metodologias, processos de
produção, reorganização industrial, fontes alternativas
de suprimento e abertura de novos mercados. Partici-
pariam, portanto, do processo de destruição criativa,
assumindo riscos, angariando o lucro ou bancando os
prejuízos de suas atividades.
A sociologia examina como os empreendedores são
forjados pela sociedade e quais influências determina-
riam esse fenômeno. Destaca-se a figura de Max Weber,
que relacionou a ética doprotestantismo como empreen-
dedorismo. Para ele, a incorporação de determinados va-
lores, atitudes, hábitos de uma crença religiosa estariam
relacionados aumcomportamentoeconômicoespecífico
(capitalismo)
–
dedicação ao trabalho, parcimônia e con-
quista de bens materiais.
A administração procura investigar o que caracteriza
a maneira como o empreendedor estrutura e gera uma
“Não hámelhor forma de fornecer
uma ampla base para o rápido
crescimento econômico do que
aumentar, consideravelmente,
o número de empreendedores em
uma sociedade. Eles representam
umsegmentomuito pequeno da
população, mas seu impacto é crucial,
pois reúnemrecursos para produzir
bens e serviços, criar empregos e
diminuir a dependência do governo”
DavidC. McClelland, autor
de
HumanMotivation