Revista ESPM - março-abril - Empreendedorismo. O grande sonho brasileiro. - page 65

março/abrilde2013|
RevistadaESPM
65
O
papel que os empreendedores exercem na
economia e na sociedade atrai questiona-
mentos. O que impulsiona alguns indiví-
duos a empreender, organizando negócios
lucrativos ou organizações para atender às necessidades
sociais? Por que alguns indivíduos dentro das organi-
zações
governamentais, políticas, religiosas ou de
negócios
conseguem, mesmo com restrições e desestí-
mulos, impulsionar projetos, produtos ou novas visões?
Por que persistiriam, quando o senso comum diria para
desistir? E por que é que alguns conseguem fazer cres-
cer e florescer os negócios, projetos ou organizações,
enquanto outros falham e são vencidos?
Essas questões alavancaramestudos emdiversas áre-
as doconhecimentoparadesvendar oque torna certos in-
divíduos diferentes dos demais. Ou seja, a admiração por
sua capacidade de transformação de realidades levanta
questões acercadequequalidades
crenças,motivações,
atitudes, habilidades, características demográficas etc.
têmessas pessoas que as atraempara exercer esse papel.
Três pontos estariam entre as atividades essenciais
dos empreendedores: identificar e aproveitar oportuni-
dades; tomar decisões, rapidamente, emcondições de in-
certeza e comrestriçãode recursos; trabalhar duramente
(mais do que os empregados), para atingir objetivos. São
profissionais movidos por visões, sonhos e metas, que
colocam mãos à obra para transformar objetivos em
ação. Para tanto, mobilizam ou desenvolvem um amplo
repertório de conhecimentos e de habilidades.
Semum consenso sobre a definição do empreendedor,
compartilho a visão do que seria umempreendedor: todo
aquele que percebe oportunidades ou necessidades e cria
emtornode si uma rededepessoas e recursos, organizan-
do-os de tal modo a implementar uma empresa, organi-
zação social, negócio socialmente sustentável, produtos
e projetos, oferecendo ou melhorando bens e serviços e
aumentando a riqueza ou o bem-estar da sociedade.
Como se pode depreender, o fenômeno do empreen-
dedorismo é complexo. Ocorre em diversos âmbitos
sociais, países e culturas. História, economia, sociologia,
administração e psicologia sãodisciplinas comenfoques
distintos, mas que procuraram estudá-lo.
Assim, a história dos magnatas procura, pelo exame
da vida e obra desses indivíduos, desvendar a conjuntura
comque sedefrontaram, quais as estratégias, táticas, téc-
nicas emétodos utilizados. Esse tipode interessepersiste
até hoje, como atestam as biografias ou autobiografias
dos grandes empreendedores, que os caracterizamcomo
pessoas de muita visão, energia e objetivos.
Naóticaeconômica, osempreendedoresdespontariam
como resposta à infraestruturade oportunidades, agindo
racionalmente para restabelecer o equilíbrio do ambien-
te. Um dos mais importantes economistas do século 20,
JosephSchumpeter ressaltouopapel decisivodos empre-
endedores na introdução das inovações com a oferta de
novos produtos e serviços, metodologias, processos de
produção, reorganização industrial, fontes alternativas
de suprimento e abertura de novos mercados. Partici-
pariam, portanto, do processo de destruição criativa,
assumindo riscos, angariando o lucro ou bancando os
prejuízos de suas atividades.
A sociologia examina como os empreendedores são
forjados pela sociedade e quais influências determina-
riam esse fenômeno. Destaca-se a figura de Max Weber,
que relacionou a ética doprotestantismo como empreen-
dedorismo. Para ele, a incorporação de determinados va-
lores, atitudes, hábitos de uma crença religiosa estariam
relacionados aumcomportamentoeconômicoespecífico
(capitalismo)
dedicação ao trabalho, parcimônia e con-
quista de bens materiais.
A administração procura investigar o que caracteriza
a maneira como o empreendedor estrutura e gera uma
“Não hámelhor forma de fornecer
uma ampla base para o rápido
crescimento econômico do que
aumentar, consideravelmente,
o número de empreendedores em
uma sociedade. Eles representam
umsegmentomuito pequeno da
população, mas seu impacto é crucial,
pois reúnemrecursos para produzir
bens e serviços, criar empregos e
diminuir a dependência do governo”
DavidC. McClelland, autor
de
HumanMotivation
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