Revista da ESPM
|março/abril de 2013
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sociedade
Conheci há alguns anos um exemplo vivo, a Patrícia.
Ela trabalhava como secretária, mas fez uns cursos de
estética e começou a atuar como autônoma, fazendo
massagens e limpezas de pele no domicílio dos clientes.
Conforme percebeu o aumento e a fidelização de sua
clientela, sugeriu ao marido, que trabalhava como se-
gurança, investir numbom curso de cabeleireiro. Sendo
assim, montaram um salão de beleza na periferia. Anos
depois, o salão já tem o dobro do tamanho e pensam em
investir emoutras unidades. E, por quenão, emuma fran-
quia? Outra história é a do Sr. Antônio, que ficou desem-
pregado emontou umhortifrúti na garagemde sua casa.
O pequeno negócio rendeu tantos frutos que ele abriu
uma rede de supermercados na sua região. E a Eleonora,
universitária que vendia cosméticos de porta em porta
para ajudar afinanciar o seu curso, hoje, como esteticista
formada, já dá cursos e palestras na sua comunidade.
Esses exemplos ajudam a ilustrar iniciativas que
deram certo mesmo que não tenham sido idealizadas
anteriormente. Mais do que se empenhar para enfrentar
as adversidades, esses empreendedores já têm o sonho
de ter seu próprio negócio. São homens e mulheres que
queremser donos e ter autonomia para reger o seu tempo,
poder levar o filho à escola, programar uma viagem sem
ter de esperar as férias e, principalmente, fugir dodescon-
fortoda superlotaçãodos transportes públicos. Sãohoras
desperdiçadas no trânsito que poderiamser transferidas
para a produtividade. E, por que não, trabalhar para si
mesmo e ainda ajudar as pessoas de sua comunidade?
Outro negócio próspero que merece destaque é um
mercado ainda invisível e que começa a ser desbravado:
o das favelas, fatia inexplorada e ávida por consumo. É
um consumo de R$ 56 bilhões por ano. São aqueles bra-
sileiros que antes não tinham micro-ondas e máquina
de lavar porque não podiam. Hoje, eles se planejam e
realizam inúmeros sonhos de consumo. Mas são bra-
sileiros que ainda precisam sair de suas comunidades
para suprir grande parte de suas necessidades. É uma
fatia de mercado que ainda está abandonada. Entre-
tanto, com a pacificação e implementação de UPPs em
diversas localidades, surge aí ummercado interessante
e pronto para ser explorado. Até porque a classe média
é maioria nas comunidades brasileiras.
Além disso, entre as pessoas empreendedoras que
pertencem à classe C, há uma quantidade imensa de
mulheres. Elas querem, ao se dedicaremà administração
Ummercadoainda invisível
equecomeçaaser desbravado
éodas favelas, fatia inexplorada
eávidapor consumo. Éum
consumodeR$56bilhõespor ano
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