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entrevista | Vinicius Guimarães Barbosa

Revista da ESPM

|março/abril de 2014

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Dubes –

No setor de bebidas, o custo

de distribuição é fator-chave na com-

petitividade. Por isso, para ampliar a

participação em um novo mercado,

as empresas precisam abrir fábricas

novas, mais próximas do destino final

do produto. As equipes de logística

participam da escolha dos novos pon-

tos de produção?

Vinicius –

Na nossa organização,

essa responsabilidade é da área de

logística. É um exercício que faze-

mos o tempo todo, porque o mer-

cado é muito dinâmico. E sempre

usamos um otimizador, um softwa-

re que leva em consideração custos

industriais variáveis, custos fixos

das fábricas, simulações de deman-

da, simulações de mix de SKU (Uni-

dade de Manutenção de Estoque,

na sigla em inglês — varia de acordo

com a marca, a embalagem e o

sabor, entre outras variáveis do pro-

duto), custos de produção em um

nível de agregação suficiente para

a tomada das decisões. Quais são

os custos do investimento? Qual

é o risco de faltar produto? Temos

de rodar esse software no mínimo

duas vezes por ano. Temos uma

pessoa aqui que só faz isso. Fica vis-

lumbrando novas demandas, novas

oportunidades. Às vezes, é algum

SKU que realizamos em uma região

e poderia ser feito para crescer um

pouco. Somos bastante cuidadosos

com esse processo, que chamamos

de

footprint

. Nossos investimentos,

nos últimos anos, foram de quase

US$ 3 bilhões. Não dá para tomar

a decisão de pedir US$ 3 bilhões e

gastar US$ 3 bilhões porque alguém

acha alguma coisa. É um processo

matemático. Começamos com a

ajuda de um professor da PUC do

Rio de Janeiro e já temos uns 20

anos de experiência nisso.

Dubes –

O software foi desenvolvido

em parceria com esse professor da

PUC?

Vinicius –

Começou com esse pro-

fissional, que desenvolveu o projeto

in house

. Daí mudamos para um

software que usávamos em todas as

zonas da companhia. Recentemen-

te, trocamos para outro provedor

de software, que dá um pouquinho

mais de flexibilidade, tem uns

outputs

mais fáceis de simular, coisas me-

nores. A empresa se chama Llama.

Mas começamos dentro de casa, até

porque há 20 anos não existia esse

tipo de produto para vender.

Dubes –

Que informações são usa-

das para alimentar o software?

Vinicius –

Listamos as macrorre-

giões de demanda. Provavelmente

em um raio de 50 a 100 quilôme-

tros, com a demanda agregada

daquele lugar, para todos os SKUs

que temos. Colocamos as fábricas

existentes, com os respectivos cus-

tos por SKU. Nesse custo industrial

variável eu já pressuponho o custo

de entrega do meu fornecedor para

aquele local, e qual o meu custo de

distribuição. O software parte en-

tão do princípio do que eu já tenho

e me sugere, pela demanda atual,

onde seria interessante investir.

Talvez ele sugira uma região que

não seja boa de água, ou tenha

alguma outra restrição. Pode ser

uma região em que eu não queira

investir, por algum outro motivo.

A companhia leva em consideração

incentivos fiscais, por exemplo.

Aí fazemos várias sugestões de

investimentos e ele vai otimizar,

minimizar o meu custo de investi-

mento

versus

o custo de produção

versus

o custo de distribuição, para

dizer onde eu devo fazer as amplia-

ções e, eventualmente, até fechar

alguma unidade.

Dubes –

O comércio de vinhos pela

internet já é bastante desenvolvido no

Brasil. Quais são as perspectivas de

que aconteça o mesmo com cervejas

premium e quais são os impactos pre-

vistos sobre uma eventual expansão,

na logística da companhia?

Vinicius –

Hoje, já temos em funcio-

namento o Empório da Cerveja, onde

vendemos produtos superpremium

e importados. São entregues pela

B2W, na casa do consumidor. Vemos,

sim, um crescimento desse tipo de

mercado. E não só para entrega di-

reta ao consumidor, mas também

para pontos de venda premium, que

necessitam de um tratamento dife-

renciado. Neste ano, temos o objetivo

de estudar um pouco melhor isso e

Onosso transporte hoje é praticamente só

rodoviário. Eumdosmaiores problemas que temos,

quando falamos de segurança, é a qualidade das

estradas e dos caminhões que conseguimos contratar