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março/abrilde2014|

RevistadaESPM

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mos nossa turma para que ninguém

tente bancar o herói. Também é

treinado para que, quando for fazer

uma entrega e tiver de recolher uma

grande quantidade de dinheiro,

ele descarregue a mercadoria aos

poucos, fazendo várias viagens.

Vamos imaginar que o motorista

vá fazer uma entrega e recolher R$

5 mil. Ele não traz os R$ 5 mil para

o caminhão de uma vez só. O cami-

nhão tem um cofre. Ele vai e volta

seis vezes. Traz R$ 600 e põe no

cofre. Traz mais R$ 600. E assim vai.

Fica menos atrativo e o motorista

se sente mais seguro. Mas também

queremos dar outro passo, que é

acabar com o dinheiro. Da mesma

forma que você vai a uma loja e tem

uma daquelas maquininhas da Cie-

lo. Estamos procurando meios de

tirar o dinheiro de circulação, em

nossas entregas. Esse é outro pro-

jeto que queremos viabilizar com

tecnologia e que já está acontecendo

no mundo, em vários países. Agora,

se alguém vier roubar carga, não

há muito o que fazer. Em algumas

áreas do país, o transporte de carga

fechada de uma fábrica até o CD,

às vezes é feito em comboio com

quatro caminhões e até avaliamos

colocar seguranças. Mas não há

muito mais que possa ser feito. É um

problema estrutural do país.

Dubes –

O termo “logística” é nor-

malmente associado à movimentação

de produtos e mercadorias fora das

fábricas. Mas há uma parte importan-

te da atividade que é a movimenta-

ção de produtos dentro das fábricas.

Quais são os principais projetos da

companhia para aumentar a eficiên-

cia logística intramuros?

Vinicius –

Uma coisa que analisa-

mos bastante hoje é como conviver

com a complexidade que nos foi

trazida dentro da fábrica. Quando

eu entrei na companhia, há 22 anos,

uma fábrica que fazia Skol não fazia

Brahma. E só atendia uma região.

De SKU, só havia cerveja de 600 ml

em garrafa de vidro. Algumas fábri-

cas tinham lata. Hoje, quase todas

as fábricas fazem de tudo. Temos

tecnologia industrial para aumentar

a flexibilidade na produção de líqui-

dos, envasamento e embalagem. E

sabemos que, se ficarmos trocando a

fabricação de um produto para outro

(

changeover

), perderemos tempo e

eficiência. Então, temos bastante

tecnologia e foco em um trabalho

de planejamento de logística, de for-

mação de estoque, de produção ade-

quada, na hora certa, de previsão de

vendas, para minimizar isso. Tudo é

pensado para que se consiga ter um

estoque adequado e possa conversar

com os fornecedores. Essa catraca

de otimização é feita com tecnolo-

gia. Hoje, usamos o APO (Adminis-

tração por Objetivos), com sistema

de otimização que acabamos de

implantar no ano passado. Mas tudo

começou há 20 anos, com o mesmo

professor da PUC do Rio de Janeiro.

Sem uso de tecnologia, não se con-

segue. Isso tudo é feito de forma cen-

tralizada. Tanto o software quanto

o hardware têm de ser de altíssima

capacidade e altíssimo desempenho

para rodar o que chamamos de “uma

malha” toda semana.

Dubes –

Isso vocês fazem aqui, na

sede da Ambev, em São Paulo?

Vinicius –

Sim. É feito neste prédio.

E daqui eumando para todas as fábri-

cas e todos os CDs, o que eles deve-

riam produzir e estar recebendo para

ter o estoque adequado para atender

à demanda prevista e validada com

a área de vendas. Há um processo de

logística que é bastante elaborado

e utiliza ferramentas sofisticadas,

para fazer isso. É um dos níveis mais

avançados de matemática que temos

dentro da nossa companhia.

Dubes –

No que diz respeito à logística

de abastecimento das fábricas, há mu-

danças significativas em andamento?

Vinicius –

Isso é uma coisa que não

fazemos muito bem ainda. Nossa

principa l matéria-prima, a que

ocupa mais espaço, é o malte. Como

nossa cadeia é muito integrada,

vamos até ao produtor, não preten-

demos ser especialistas nessa área.

Sempre tivemos estoque de malte

nas fábricas para 15, 30 dias. Se o

caminhão fica quatro horas na por-

ta da fábrica, acaba não tendo im-

pacto muito grande. Lata você con-

segue ter dois, três dias de estoque.

E nosso grande volume de vendas

sempre foi de cerveja em garrafa re-

Queremos acabar como dinheiro. Damesma

forma que você vai a uma loja e temuma daquelas

maquininhas daCielo. Estamos procurandomeios

de evitar omanuseio damoeda emnossas entregas