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entrevista | Vinicius Guimarães Barbosa

Revista da ESPM

|março/abril de 2014

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tornável, que você também não tem

muito

inbound

. Rótulo e cápsula são

fáceis de armazenar. Garrafa tem

de entrar uma vazia para sair cheia.

São coisas que estamos estudan-

do para melhorar. Mas passa um

pouco por termos de aumentar os

nossos armazéns, para ter mais fle-

xibilidade. Os nossos fornecedores

têm de estar mais bem preparados

e com equipamentos mais flexíveis.

Temos conversado com eles.

Dubes –

E o projeto de caminhão mo-

vido a gás natural da Ambev?

Vinicius –

Lançamos no final de

março o primeiro caminhão movi-

do a gás natural, em parceria com a

MAN e com a empresa de gás do Rio

de Janeiro. Ele emite 20% a menos

de CO

2

e de particulados. Tem custo

operacional um pouco mais barato,

mas o equipamento é mais caro,

a rede de abastecimento é menor

e o tempo de abastecimento é de

20 minutos. Ainda é inviável. Mas,

juntos, vamos tentar fazer esse pro-

jeto se viabilizar. É uma das formas

que a logística tem para contribuir

com o meio ambiente.

Dubes –

Quantos caminhões desse

tipo vão operar na frota?

Vinicius –

Até o lançamento do

projeto, não tínhamos a menor

ideia. Mas no dia 26 de março tive-

mos um surto e durante a apresen-

tação do novo caminhão promete-

mos que, quem sabe, na Olimpíada

de 2016, nossa frota de caminhões

no Rio de Janeiro será GNV. Isso

é extremamente desafiador, uma

vez que temos uma frota de 500

caminhões no Rio de Janeiro. Pre-

cisaríamos trocar toda ela. Se em

seis meses conseguirmos viabilizar

com o governo, empresas de postos

de gasolina, a MAN e assim con-

seguirmos reduzir custos com o

fornecedor, quem sabe? Não custa

sonhar.

Dubes –

Há outras iniciativas seme-

lhantes na empresa?

Vinicius –

Temos várias iniciativas,

que chamamos de

green logistics

. Há

sempre a fórmula do ganha-ganha.

Mais ou menos como o hotel que

diz: “Reutilize a sua toalha, é bom

para o meio ambiente”. É bom para o

meio ambiente e é bom para o hotel

também. Também temos essas coi-

sas. Toda a nossa otimização acaba

reduzindo imensamente a quilome-

tragem rodada de caminhões que

rodam vazios. É caminhão que vai

cheio e volta cheio, com nosso pro-

grama de transporte colaborativo,

de circuito. O mesmo caminhão que

leva produtos acabados anda um

pouquinho para lá, até o fornecedor,

e traz uminsumo. Estamos começan-

do amedir isso agora também.

Dubes –

E essas mudanças que estão

acontecendo no varejo? O varejo bra-

sileiro ainda não é tão concentrado

quanto o americano. Mas temos aqui

grandes redes, que ocupam espaço

significativo no mercado. De que modo

essa concentração transforma a ma-

neira de a Ambev planejar logística?

Vinicius –

O varejo no Brasil é

diferente do varejo nos Estados

Unidos e um pouco parecido com

o da Inglaterra. É

promotion driven

(voltado para promoções). O nosso

produto é usado para atrair trá-

fego para a loja. Preciso entregar

tudo muito rápido. É diferente da

cultura do Walmart americano,

de

low cost every day

(preço baixo

todo dia). Lá você não tem esse

tipo de coisa e usa ferramentas

que foram desenvolvidas há 25,

30 anos, de EDI (Electronic Data

Interchange) e VMI (Vendor Ma-

naged Inventory), em que um lê o

estoque do outro e mantém uma

reposição contínua. Hoje, nosso

relacionamento com o varejo bra-

sileiro e a nossa forma de atuar

logisticamente são muito atra-

sados. Não é difícil de resolver. É

uma questão um pouco comercial,

um pouco política. Não há dificul-

dade tecnológica. Basta pegar a

ferramenta usada pelo Walmart

e a Anheuser-Busch, nos Estados

Unidos, que é nossa, e trazer para

cá. Mas tem alguma coisa um pou-

co travada. Quando vamos fazer

uma descarga num supermerca-

do, não tem hora marcada. Às ve-

zes, o caminhão fica parado cinco

horas. Às vezes, volta e tenho de

contratar outro. Não é um negócio

fácil, e não é culpa deles.

Hoje, nosso relacionamento como varejo

e a nossa forma de atuar logisticamente sãomuito

atrasados. Não é difícil de resolver. Éuma questão

umpouco comercial, umpouco política