Agribusiness
Revista da ESPM
|março/abril de 2014
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mento, exigência estética por parte do varejo e de seus
clientes, elevado rigor nos prazos de validade, promoção
de vendas eumadas boas educações infantis dopassado.
Sempre ouvia meu querido tio Joaquim dizer: “Menino,
coma com o estômago, não com os olhos. Nunca deixe
comida no prato”. Tudo isso representa a “arte logística”.
Pois é, na ponta máxima do desperdício estamos nós,
os dinossauros predadores dessa cadeia alimentar do
desperdício: osconsumidores.DadosdaFoodandAgricul-
tureOrganizationof theUnitedNations (FAO) explicam:
quantomais rico é o país, maior é o desperdício nos res-
taurantes, fast-foods, supermercados e dentro das casas
dos clientes. E quanto mais pobre é a região, maior é o
desperdíciona própria fazenda, nos sítios enas lavouras.
Perdasnoplantio, erros agronômicos, perdasnacolheita,
impossibilidade de armazenamento, processamento,
distribuição, insuficiência de educação e saúde básicas.
“Desliderança”: o nome damiséria.
Então, vamos caminhando e observandonossoplane-
tinha Terra lá do espaço, acompanhando nosso voluntá-
rio ao lado de Sandra Bullock, semgravidade, vendo os
efeitos malévolos do lixo atraindo gravitacionalmente
cerca de 50%de toda a comida produzida nomundo. Ah,
não esqueçam: tudo isso paga imposto e é devidamente
tributado e burocratizado do “berço ao túmulo”.
Os dramas de todo esse mal acarretam efeitos cola-
terais que podem ficar invisíveis caso não sejam devi-
damentemonitorados por novos e poderosos sensores.
Para produzir todos esses alimentos, gastamos 550
bilhões de metros cúbicos de água, que vão irmanados
e umbilicalmente conectados para omesmo lixo. E isso
sem considerar o destino do desperdício da água para
outrosfins. AprópriaSabesp (CompanhiadeSaneamento
Básico do Estado de São Paulo) informa desperdiçar
25% da sua água tratada, apesar de lançar campanhas
antidesperdício. As projeções para 2050 apontam para
a necessidade de 13 trilhões demetros cúbicos de água
para produzir alimentos para toda essa nova “galera
As projeções para 2050 apontampara a necessidade de 13 trilhões demetros
cúbicos de água para produzir alimentos para essa nova “galera terráquea”.
Os dados são assustadores, pois significa que precisaremos dobrar a produção
de alimentos e utilizar 3,5 vezesmais de água do que hoje
Estudos apontamque de 30% a 50% do que
produzimos vai sendo exterminado ao longo
de toda a cadeia produtiva do agronegócio,
desde o campo até amesa do consumidor
As projeções para 2050 apontama
necessidade de 13 trilhões demetros
cúbicos de água para produzir
alimentos para a “galera terráquea”