janeiro/fevereirode2014|
RevistadaESPM
21
utilitária seu objetivo de vida. Não têm prestígio para
concorrer às eleições, mas suam a camisa para conse-
guiremser lembrados pelos vencedores. Por outro lado,
não têmcompetência para o exercício de cargos de con-
fiança, comoministrosousecretáriosdeEstado. Suaespe-
cialidade, como as hienas que acompanhamos grandes
predadores, é usufruir da carniça política.
Nas ditaduras, a visibilidade de tais aproveitadores é
maior, visto que não há controle externo.
Nasdemocracias, eles sãomaisengenhosos,maisastu-
tos,mais perspicazes. Vivendo projetos próprios e não os
danação,nãopensamemoutracoisasenãoemenriquecer,
mantendo-se à tona, razão pela qual sua fidelidade polí-
ticanão émaior doque foi afidelidade conjugal deMessa-
lina. São a escória dos governos, emvestes alcandoradas.
Uma segunda classe dos aproveitadores são os mar-
queteiros. Os que fabricamos candidatos. Nada émenos
verdadeiro que o candidato produzido para uma eleição
pelos marqueteiros. São os “vendedores de mentiras”,
dos quais os políticos atuais não podemprescindir para
ganhar as eleições. Os marqueteiros têmduas funções:
manter incólume seu candidato e destruir o candidato
oposto. Balançamentre suas duas habilidadesmaiores,
ou seja, amentira e a distorção. Quantomais eficientes
sejamsuasmentiras,mais letais. Esãoadmiradospor este
seu talento, à disposição de democracia de acesso, que
nada tema ver coma real democraciadopovo, aquelaque
permite o permanente controle de seus representantes.
Uma terceira categoria de aproveitadores são aqueles
que financiamas campanhas para depois usufruíremda
partilhado“butim”.Taisaproveitadoressabemqueofinan-
ciamentodecampanhaéuminvestimentonecessáriopara
conseguir polpudos contratos públicos, posteriormente.
No Brasil, a permanente dispensa de licitação por
razões de urgência quase sempre beneficia os financia-
dores de campanha, principalmente daqueles partidos
que, na oposição, se apresentavam como paladinos da
moralidade. Os paladinos damoralidade só o são quando
militam na oposição. Na situação, são sempre patroci-
nadores da imoralidade.
Umquarto tipo de aproveitador representa a categoria
dosquebuscamoempregooficial, nãoporméritopróprio,
mas por ser amigo dos poderosos.
AConstituiçãodoBrasil, por exemplo, impõe concurso
público para acesso a cargos públicos, mas as exceções
relativas aos cargos de confiança e as assessorias espe-
ciais são tantas, quenãohágovernantequenão tragauma
legião de aproveitadores para partilhar o poder.
Tais aproveitadores querem o emprego público e,
para tanto, “competência e ética” são substituídas por
“amizade e bajulação”. Por isso, um correto servidor de
carreira, que não faça política, termina sua vida pública
como chefe de seção, enquanto o bajulador do poder
poderá chegar aos postos mais altos da administração.
Outros “espécimes” de aproveitadores existem, tendo
preferido, todavia, apenas descrever, neste curto artigo,
apenas alguns deles.
Os corruptos
A política levamuita gente à corrupção. Opoder público
também. Burocratas e políticos correm sérios riscos de
resvalarempara a corrupção. Nela se incluem, também,
a corrupção afetiva, o nepotismo, as concessões por vai-
dade humana, alémdo que é mais comum, a corrupção
pura e simples por dinheiro.
População protesta contra a política de CristinaKirchner,
acusada de querer silenciar a imprensa argentina
coma Lei deMídia, que limita a atuação dos
conglomerados de comunicaçãono país
latinstock